A nova rede
O projeto que pretende reconstruir a Internet e torná-la mais rápida, abrangente e segura
Juliano Barreto
Você baixaria um dvd em 10 segundos se usasse algumas das redes dos centros de pesquisa americanos. Infelizmente, isso não é possível. Esses sistemas super-rápidos – feitos para driblar a lentidão, a falta de segurança e as informações inúteis da internet – estão todos ocupados com coisas como processar dados de aceleradores de partículas, fazer cirurgias a distância ou buscar terroristas mundo afora. Mas isso pode ser só uma questão de tempo. Quem garante são os cientistas da Fundação Nacional de Ciências dos EUA. Eles criaram um projeto chamado Ambiente Global para Pesquisas em Redes (Geni), que quer unir a internet a essas super-redes e, basicamente, refazê-la do zero. Será uma revolução sem vítimas: “As mudanças serão graduais. O novo modelo não implica o fim do velho”, diz Larry Peterson, da Universidade de Princeton, EUA, um dos idealizadores do Geni. O projeto por enquanto são só alguns computadores que, usando as linhas da internet, conversam em uma linguagem mais avançada. A idéia é que, no futuro, esse novo tipo de conexão contamine toda a rede.
Quando surgiu, a internet era usada por cientistas que confiavam em seus colegas e não estavam preocupados em proteger a privacidade ou se defender de vírus e spams. Tudo o que se fez depois para resolver esses problemas foram só remendos. No Geni, essas preocupações são o principal: ele espiona o suficiente para detectar um computador enviando spam e, ao mesmo tempo, evita bisbilhotar a vida dos outros. Além disso, contorna mais facilmente os problemas de compatibilidade entre os diferentes sistemas na rede. O resultado é um ambiente seguro a ponto de unir a internet não só às redes de pesquisa como a qualquer máquina, de supercomputadores a celulares. Um número tão grande de aparelhos interligados permitirá compartilhar as tarefas entre várias máquinas e proporcionar uma navegação mais rápida e completa. Páginas poderiam ter vídeos de alta definição, músicas, animações e o que mais você imaginar. “As novas redes trazem serviços que antes não poderiam ser lançados porque ninguém tinha tantas máquinas disponíveis em tantos lugares ao mesmo tempo”, diz Dorgival Olavo Guedes, da UFMG, que trabalha em um dos braços do projeto. Mas ainda não sonhe em baixar uma novela inteira em poucos segundos. “Ainda é difícil prever quando isso vai chegar ao usuário final”, diz Larry Peterson.
Google Net?
O portal Google tem lançado tantos novos serviços que gerou boatos sobre qual será o próximo passo. No mais delirante de todos, está a GoogleNet: uma suposta rede paralela à internet mantida pelo Google. Os indícios são a suposta compra de cabos de fibra óptica e a aquisição de pequenos provedores locais nos EUA. A empresa nega, mas blogs especializados apostam que a rede paralela usaria cópias de sites armazenadas pelo buscador e daria acesso rápido a eles. Dessa forma, os provedores locais poderiam vender acesso à GoogleNet como um produto independente da internet, só que mais veloz. Assim como os rumores sobre uma estação de TV do Google, as fofocas sobre a rede paralela vão e vêm. Recentemente, porém, ela voltou com força: o cientista da computação Vint Cerf, que é considerado o pai da internet, foi contratado pelo Google para ajudar em “novos projetos”.