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Adeus, computador

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h33 - Publicado em 31 out 1997, 22h00

Gabriela Aguerre

Para o jornalista americano Kevin Kelly, da revista Wired, os computadores, tal como os conhecemos, já são coisa do passado. Especialista na construção de cenários para o futuro, ele conta à SUPER o que imagina que virá por aí.

Arevista Wired é hoje uma referência indispensável para quem quer estar por dentro das novidades no mundo digital. Como editor executivo dessa publicação e consultor especializado em criar cenários para o futuro, Kevin Kelly ganhou a fama de guru. Ao lançar em 1994 o livro Out of Control: The New Biology of Machines, Economic and Social Systems, ainda não traduzido para o português, ele confirmou sua vocação de visionário. Nesta entrevista à SUPER, diz que estamos na etapa inicial de uma revolução da comunicação. As principais mudanças que devem ocorrer nos próximos vinte anos, segundo Kelly, não serão mais provocadas pelos computadores, mas sim pelo avanço da tecnologia da informação, que é o conjunto das técnicas digitais ligadas ao armazenamento, manipulação e transporte de dados. Para ele, o avanço dessas tecnologias irá mudar a maneira pela qual as pessoas vão se comunicar entre si. Na sua opinião, essa é a característica mais interessante dos tempos que vêm por aí.

SUPER: Os próximos vinte anos serão tão revolucionários do ponto de vista tecnológico como foram os últimos dez?

Sim, serão. Mas nós ainda não iniciamos a revolução. As mudanças reais não serão provocadas mais pelos computadores, mas sim pelo avanço da tecnologia da informação. As inovações nesse sentido estão apenas começando.

SUPER: Fala-se muito sobre o fim dos jornais, dos livros, da televisão. Das coisas importantes do nosso dia-a-dia, qual o senhor acredita que vai mudar mais?

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Depende da escala temporal. O primeiro grupo de coisas que vão mudar será a nossa concepção de mídia e telecomunicações e nosso sentido de identidade e motivação. Jornais, livros e revistas não vão mudar muito rápido, nem vão mudar muito.

SUPER: A revolução digital tem estado no centro de todas as previsões mais recentes sobre o futuro. O senhor acredita que essa tecnologia é a mais importante de todas?

Não. Acho que a biotecnologia terá mais influência que a tecnologia digital. Você pode imaginar os efeitos que a engenharia genética causará quando eliminar as doenças hereditárias? Ou quando aumentar drasticamente a expectativa de vida? Isso tudo tira o brilho e o destaque dos computadores, que deixarão de ser as vedetes das grandes mudanças.

SUPER: Quase todos os livros sobre o futuro escritos no passado tornaram-se obsoletos pouco tempo depois de publicados. O senhor acha que Out of Control irá resistir aos próximos vinte anos?

Provavelmente ele irá parecer muito datado, muito californiano, muito fora de moda. Isso não pode ser evitado, embora o livro O Choque do Futuro, de Alvin Toffler, continue sendo surpreendentemente atual, vinte anos após ter sido publicado. Quem sabe eu tenha a mesma sorte que ele.

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SUPER: Muitas das previsões feitas no passado foram baseadas na idéia de que o homem iria colonizar o espaço, sonho que ainda não se realizou. Será que algumas das suas idéias não seriam projeções de tecnologias da moda?

Não existem futuristas, mas somente “presentistas”. O futurismo é, na verdade, um exercício de perceber os movimentos do presente. Toda predição é errada. Mas algumas são mais erradas do que outras. O que tentamos fazer é não sermos pegos de surpresa pelo futuro. Para isso imaginamos uma série de possíveis cenários. Assim, quando o futuro chegar, já teremos considerado as possibilidades antes. Em relação ao espaço, acho que ele se transformará em espaço cibernético. A colonização de planetas com seres humanos ainda vai demorar. Mas o homem será rápido em colonizar planetas com robôs controlados a distância, que vão fazer com que visitemos outros mundos em outro tipo de corpo.

SUPER: O senhor imagina que as possibilidades que descreve no seu livro possam ser realidade no Terceiro Mundo, onde as condições são tão diferentes das que existem nos Estados Unidos?

A hegemonia cultural e tecnológica dos Estados Unidos não vai durar muito. Provavelmente seremos ofuscados pela Ásia, que vai juntar um pouco do que nós fazemos e um pouco do que eles fazem e, com isso, criar uma coisa nova, estranha, híbrida, que vai nos surpreender e apagar a idéia de primeiro, segundo e terceiro mundos.

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