As duas ilusões de Centauro
Uma das maiores constelações do hemisfério sul é visível a noite inteira em junho. E pode enganar.
Thereza Venturoli
Este é um caso em que o tamanho atrapalha. A Constelação do Centauro ocupa um espaço tão grande no céu que o conjunto pode levar até seis horas para surgir inteiro sobre o horizonte. Para piorar, a maioria das estrelas não são mais brilhantes do que a “intrometida” do Cruzeiro do Sul. Mas duas delas se destacam: Alfa, com brilho semelhante ao de Rigel, na Constelação de Órion, e Beta, quase tão luminosa quanto Betelgeuse, também de Órion. Tente montar a constelação, que fica no céu a noite toda, usando o Cruzeiro do Sul como referência (veja o quadro pequeno, abaixo). Centauro foi batizada pelos gregos antigos, que “enxergaram” no grupo de pontos luminosos a figura de um ser metade homem e metade cavalo. Ela representa Quíron, o mítico rei dos Centauros. Conta a lenda que, ferido por uma flecha envenenada, Quíron estava condenado a penar para sempre porque era imortal. Até que o gigante Prometeu – aquele que roubou o fogo dos deuses e o deu ao homem – cedeu sua mortalidade à criatura. E, assim, o rei foi parar no céu.
Como outras constelações, Centauro cria duas ilusões. A primeira é que todas as estrelas parecem estar à mesma distância da Terra, o que não é verdade (veja o infográfico abaixo). A segunda ilusão é que a maioria dos pontos que você vê não são formados por uma, mas por várias estrelas. Alfa, por exemplo, reúne três astros. Um deles é Próxima Centauri, a estrela que fica mais perto de nós. Ômega, no meio da “barriga” do Centauro é mais surpreendente ainda. Ali não existem só uma ou duas estrelinhas. São milhões delas, espremidas num enorme aglomerado.