Relâmpago: Revista em casa a partir de 9,90

O beco tem saída

Não tem jeito: quem usa a Internet se irrita. É difícil de acessar e as linhas caem. Às vezes parece até que a rede está prestes a pifar. Mas os especialistas querem resolver tudo isso.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h32 - Publicado em 31 jan 1997, 22h00

Ricardo Balbachevsky Setti

Problema 1

Não dá para ser gratuita

Problema 2

Saturação das linha telefônicas

Problema 3

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Lentidão

Problema 4

Segurança

Saída 1

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Um sistema de tarifas

Saída 2

Compressão dos dados

Saída 3

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Transmissão sem fio

Saída 4

Assinatura virtual

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Saída 1

Alguém terá de pagar a conta

A Internet é uma mãe. Você fala com gente do outro lado do mundo e paga o preço de ligação local. Fica horas passeando de um continente a outro na maior. Só que nesse vaivém você usa uma estrutura caríssima, criada pelas companhias telefônicas de todo o mundo. E elas não estão gostando nada da brincadeira. Algumas, como a americana AT&T, já cobram do governo de seus países soluções imediatas. E ameaçam parar de investir na melhoria dos serviços. A solução, gritam, será tarifar o uso das linhas. Isso pode resultar na organização de grupos de usuários, como a Internet acadêmica de que se ouve falar por aí.

“O risco de uma parada no crescimento das redes de telecomunicações existe e pode ser desastroso não só para a Internet.”

Hal Varian, especialista em economia das telecomunicações da Universidade da CaliforniaSaída 2

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Dados serão mais comprimidos

O primeiro a prever o fim da Internet foi um dos seus criadores: o americano Bob Metcalfe, da 3Com, que faz softwares para navegar na rede. Segundo prevê, até a metade deste ano a coisa estoura, pois as linhas telefônicas não suportarão. Ele lembra o blecaute do ano passado nos EUA – onde 2 milhões de assinantes ficaram sem conexão por uma semana, em setembro. “O grande colapso vai começar assim, por redes menores, e atingirá países isoladamente”, disse ele à SUPER. A propósito: no Brasil, em novembro, todos os usuários ficaram na mão por trinta horas. Mas John Quarterman, da MIDS, que monitora o tráfego na Internet, acha que tudo não passa de paranóia. “Será possível comprimir dados”, garante.Saída 4

Um novo mercado de pulgas e chips

Se não achar uma forma segura de fazer o dinheiro transitar por suas linhas, a Internet pode perder importância. Explica-se: com o aumento do número de computadores, os hackers estão fazendo a festa. As técnicas de criptografia (a arte de disfarçar os dados) deixam o sistema financeiro muito vulnerável. Mas os pesquisadores já procuram uma nova codificação que garanta o dinheiro virtual (veja o infográfico ao lado). “Com um sistema de códigos confiável, a moeda eletrônica vai pegar de verdade” disse à SUPER Walter Wriston, que dirigiu o Citibank por quase vinte anos.

“É hora de os engenheiros de sandálias saírem de cena e darem lugar a profissionais de terno e gravata.”

Bob Metcalfe, um dos criadores da InternetSaída 3

A estrada precisa ser asfaltada

Enquanto os telefones forem a principal via de acesso à Internet, a auto-estrada da informação será uma estrada de terra, lenta. Um atalho poderão ser as TVs a cabo. As empresas que fornecem o serviço já pensam no assunto. Como no caso da TV, a transmissão seria livre de ruídos e até cinqüenta vezes mais rápida do que por telefone. Outra solução é a transmissão pelo ar. Mas isso leva mais tempo, pois exige satélites exclusivos para o trabalho. De qualquer forma, a Microsoft encabeça um projeto ambicioso para tornar a Internet sem fios uma realidade para breve (veja As novas estrelas da comunicação, SUPER, ano 9, número 5).

“O dinheiro eletrônico é o grande desafio para o próximo ano.”

Walter Wriston, ex-diretor do Citibank

Para gurus, a rede só vai crescer

Uma vez vencidos os desafios, acredita Bill Gates, presidente da Microsoft, a Internet passará a ser usada com a mesma naturalidade com que se usam hoje o telefone e a televisão. Ao discar para um amigo, ninguém pensa que há uma linha de transmissão complicadíssima por trás da ligação. E quando essa rotina se estabelecer, o homem não conseguirá mais se imaginar sem a Internet.

Nicholas Negroponte, professor do Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, vai mais longe. Ele disse à SUPER que a Internet deve mudar radicalmente a sociedade nos próximos anos.

“Eu a vejo como um grande mercado, no qual todos comprarão e venderão o que quiserem a qualquer hora em qualquer lugar do mundo”, afirma. “O mundo vai se comunicar cada vez mais, vai ficar cada vez menor. As distâncias realmente deixarão de existir.”

Desconte o fato de que Negroponte é um entusiasta da rede e do futurismo. Depois, observe que, boa ou ruim, lenta ou rápida, simples ou complicada, a Internet está conquistando espaço cada vez maior no cotidiano de todo mundo. E conclua: é pouco provável que 1997 seja o ano da morte da Internet. Talvez seja, isso sim, um ano decisivo para que ela se consolide como o maior meio de comunicação já criado.

Para saber mais

A Estrada do Futuro, Bill Gates, Companhia da Letras, São Paulo, 1995

Vida Digital, Nicholas Negroponte Companhia da Letras, São Paulo, 1995

A turma do funil

Veja quais são os gargalos.

Largada

Linhas individuais e modems mandam os dados a 28 800 bytes (vinte páginas de livro) por segundo.

Pé no freio

Na maioria dos servidores, aquelas centrais intermediárias que nos dão acesso à Internet, forma-se uma fila e a velocidade é reduzida para um décimo da anterior.

Via expressa

As redes de fibras óticas garantem eficiência entre os troncos principais, desafogando o tráfego.

Engarrafamento

Novo servidor, novo congestionamento. A velocidade volta à cerca de 3 000 bytes por segundo.

Volta ao ritmo

No fim da linha a velocidade cresce de novo para 28 800 bytes por segundo. Mas isso nem é percebido.

Negócios sem medo

Como vai ser a assinatura virtual.

1 – Ao abrir uma conta num banco que trabalhe na Internet, seu dinheiro se tornará eletrônico.

2 – O banco lhe dará uma senha e um programa que gera pequenas senhas, os cheques virtuais.

3 – Para pagar uma conta, você dá uma dessas pequenas senhas, com o valor embutido, mais sua senha no banco.

4 – A loja, então, manda o produto pelo correio para a casa do comprador.

5 – O cheque eletrônico é enviado, pela rede, ao banco virtual do comprador.

6 – O banco confere se o código foi gerado pelo programa do dono da conta e faz um pagamento comum ou virtual, se a loja tiver conta em banco eletrônico.

Você verá esse futuro

Em poucos anos, novos aparelhos e costumes vão surgir.

Hoje Internet é sinônimo de computador em cima da mesa e de horas investidas em navegações pela World Wide Web. Para certos usuários, nem isso. Não passa de um eficiente correio eletrônico. Mas a rede deve começar a interferir para valer nos hábitos da classe média brevemente. Veja neste quadro algumas das futuras aplicações dessa tecnologia.

Cara a cara

Para os profissionais, as teleconferências (conferências pela rede), serão uma ferramenta preciosa. Multinacionais farão reuniões ao vivo e em cores, juntando gente de vários países. Já existem protótipos, mas eles ainda esbarram na velocidade de transmissão da imagem.

Multiuso

Bill Gates já cansou de falar a respeito do Wallet PC, ou PC Carteira. Pequeno o suficiente para caber no bolso, ele estará constantemente ligado à Internet e substituirá vários objetos pessoais úteis, como agenda, pager, cartão de crédito e telefone celular.

Medicina

A cirurgia remota, sistema que já provou funcionar, poderá se tornar corriqueira. Um robô programado repete os movimentos do médico que, equipado com um aparelho de realidade virtual, pode ver o paciente e sentir os instrumentos em sua mão. Tudo a quilômetros de distância.

TV e vídeos

Quem assiste TV atualmente, tem acesso a programas predeterminados pelo canal transmissor. Pois imagine todos os canais do mundo chegando instantaneamente à sua casa. Com a TV transmitida pela Internet, qualquer um pode escolher qualquer programa de televisão. E até selecionar, em catálogos dos quatro cantos do planeta, um vídeo para ver na hora que quiser. Tem gente achando que isso será até chato. Porque tudo que é fácil demais perde a graça.

Computador

Este já está mudando. O modelo que você vê na foto acima é um Network Computer. Não possui disco rígido nem disquete. Apenas memória de trabalho e grande velocidade de conexão para a rede. Os programas ficam na Internet. Você os aluga de um servidor de acesso que os instala quando o computador é ligado. O preço: cerca de 500 dólares.

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