China vai fabricar seus próprios aviões
Com capacidade para 168 passageiros, Comac C919 usa turbinas e computadores ocidentais, e imita as características dos Boeings e Airbus - inclusive no aperto
Bruno Garattoni
Nos próximos 20 anos, a China terá de comprar 4 300 novos aviões – e gastar US$ 480 bilhões com isso. Mas, se os chineses já fabricam quase todos os produtos eletrônicos do mundo, por que não fazem também as próprias aeronaves? Essa é a ideia por trás da Comac (Commercial Aircraft Corporation of China), uma empresa que foi criada pelo governo chinês e acaba de apresentar o C919: um avião de 168 passageiros projetado para competir com o Airbus 320 e o Boeing 737-800. Ele será produzido em Xangai, mas suas peças críticas vêm de fornecedores ocidentais. As turbinas e os computadores de voo são da General Electric. O preço do C919 não foi divulgado, mas o mercado espera que seja mais barato do que os rivais. Talvez por isso, a Comac não faz grandes promessas com relação a conforto. Na classe econômica do C919, cada fileira de assentos tem dois blocos de 3 poltronas, o que cria um problema: muitos passageiros serão obrigados a sentar nas poltronas do meio, coisa que a maioria das pessoas odeia (numa pesquisa feita nos EUA, 54% disseram que prefeririam ir ao dentista). Em compensação, cada passageiro terá seu próprio monitor. E o sofrimento não será longo: o C919 se destina a voos regionais, pois tem autonomia de no máximo 6 horas. Inicialmente, ele só voará na China: 6 companhias do país assinaram contrato para comprar as 100 primeiras unidades do avião.