Coluna Carbono Zero: Um avião experimental movido a bateria
X-57, que está sendo testado pela Nasa, usa 14 motores elétricos – e não emite CO2.
Quando pensamos na queima de combustíveis fósseis por veículos, a imagem que vem à mente é a de carros e ônibus. Mas pouco se fala da aviação, que contribui com parte significativa do dióxido de carbono liberado na atmosfera. Entre todos os veículos, a fatia corresponde a 12% (e a 2% do total de CO2 lançado pela atividade humana). Daí a motivação da Nasa de arregaçar as mangas e voltar a algo que ela não fazia há muito tempo: uma aeronave experimental.
Trata-se do X-57 Maxwell, um avião elétrico alimentado por baterias de lítio. Ele pertence a uma longa linhagem de veículos experimentais dos EUA, que começa com o lendário X-1, primeiro avião-foguete a romper a barreira do som, em 1947. Já o X-57 tem a missão de demonstrar que aviões de pequeno porte que fazem trajetos curtos podem ter emissão de carbono zero, movidos a eletricidade.
O projeto foi iniciado em 2016 – é o primeiro avião da série X feito pela Nasa em mais de uma década – e tem por base um veículo italiano Tecnam P2006T, modificado para operação com eletricidade. Seus dois motores de pistões originais foram substituídos por 14 motores elétricos, 2 maiores e 12 menores. Os maiores, na extremidade das asas, servem para manter o voo de cruzeiro, e os 12 menores, distribuídos ao longo de cada asa, ajudarão em pousos e decolagens.
O veículo foi desenvolvido com asas longas e estreitas, bem como hélices retráteis para os motores menores, para reduzir o efeito de arrasto atmosférico. Espera-se do X-57 Maxwell (batizado em homenagem ao cientista escocês que decifrou as leis do eletromagnetismo, James Clerk Maxwell) uma autonomia de 160 km, com velocidade de cruzeiro de 275 km/h e tempo de voo de cerca de 40 minutos, transportando duas pessoas.
Não é exatamente uma revolução. Mas nem é esse o objetivo do X-57. Como qualquer veículo experimental, sua função é demonstrar o potencial de novas tecnologias. A Nasa não imagina que a Tecnam ou mesmo outra fabricante de aviões decida colocar o Maxwell em produção. Em vez disso, ela espera fomentar o interesse da indústria criando um ambiente competitivo para que veículos mais capazes possam ser desenvolvidos.
Mas, antes, o X-57 Maxwell precisa voar. No momento, a agência está conduzindo testes em solo na Califórnia. A expectativa é de que em breve o veículo possa passar a testes de taxiamento e, finalmente, ao primeiro voo, quem sabe até o final deste ano.