(Johan Silva Pereira, via internet)
O gás ozônio, ou O3, é uma forma de oxigênio em que a molécula se compõe de três átomos, em vez de dois, como costuma ser encontrada na natureza. A exposição dessas moléculas de oxigênio comum (O2) à radiação solar e a cargas elétricas na estratosfera é que cria a camada envolvendo o planeta Terra. Na verdade, a camada está em perpétua formação, num processo de mão dupla: ao mesmo tempo em que o oxigênio é quebrado, formando moléculas de ozônio, estas também se desmancham para voltar a se reagrupar como oxigênio. Assim se explica o fato de a camada preservar a mesma espessura, desde sua formação inicial há cerca de 400 milhões de anos. Só assim foi possível a vida na Terra, já que ela funciona como um escudo protetor contra o excesso de radiação ultravioleta.
Mas, como se sabe, essa proteção encontra-se cada vez mais ameaçada, devido ao crescimento acelerado do buraco que foi criado pela emissão de gases de clorofluorcarbono, ou CFC, por aerossóis, geladeiras e aparelhos de ar-condicionado. “O rombo ocorre exclusivamente no Pólo Sul por dois motivos: é onde temos as menores temperaturas do globo e onde menos ocorre renovação do ar. Ambos os fatores aceleram a reação química que provoca a perda do ozônio na estratosfera”, afirma Volker Kirchhoff, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), onde chefiou durante muitos anos o laboratório de ozônio.
Operação desmanche
A dança dos átomos de oxigênio, ora em duplas, ora em trios, mantinha a camada de ozônio estável – até o homem arrombar a festa
1. A radiação ultravioleta (UV), contida na luz solar, quebra as moléculas de oxigênio (O2), cujos átomos voltam a se unir em moléculas de ozônio (O3). É o chamado processo de ganho, constituindo uma capa gasosa em torno da Terra, que a protege desses mesmos raios ultravioleta
2. A natureza preserva seu equilíbrio: simultaneamente ao processo de ganho descrito acima ocorre a perda natural de ozônio. As moléculas de O3 reagem com os óxidos nitrogenados (NO e NO2) presentes na atmosfera e são dissolvidas. Ocorre, então, o processo inverso: os átomos de oxigênio voltam a se unir em duplas (O2)
3. Tudo ia muito bem até a humanidade começar a usar aerossóis, geladeiras e aparelhos de ar-condicionado, emitindo na atmosfera os gases CFC (clorofluorcarbono). Esses geram um segundo processo, desta vez artificial, de perda de ozônio, dissolvendo as moléculas de O3 em ritmo acelerado.
O uso do CFC em aerossóis foi proibido pelo Protocolo de Montreal em 1987 e os países desenvolvidos já substituíram, nos refrigeradores de alimentos e de ar, os mesmos gases pelo HCFC, menos prejudicial à camada de ozônio. Mesmo assim, o buraco deve continuar aumentando, pois o CFC pode demorar até 50 anos para agir na atmosfera