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Conheça 4 brasileiros que fizeram carreira no Vale do Silício

Kinect. HoloLens. Android. Grooveshark. Instagram. Gigantes da tecnologia têm uma coisa em comum: foram inventadas ou comandadas por brasileiros.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 abr 2017, 19h16 - Publicado em 11 jun 2012, 22h00

Quando jogava tênis com os amigos em Belo Horizonte, Hugo Barra nem sonhava em chefiar um dos maiores softwares do mundo – usado por mais de 300 milhões de pessoas todos os dias. Paulo da Silva sempre adorou música. Mas não sabia que iria montar uma jukebox virtual com 15 milhões de MP3. Alex Kipman gostava de ir às praias de Natal, tanto que usou esse nome para batizar um gadget – mas não sabia que ele viria a transformar completamente a interação entre as pessoas e as máquinas. E, quando Mike Krieger saiu de São Paulo para ir estudar nos EUA, nem passava pela sua cabeça que, com apenas 26 anos, venderia um aplicativo por US$ 1 bilhão. Hugo foi vice-presidente do Android, o sistema operacional do Google para celular. Saiu para se tornar porta-voz da Xiamoi, uma das mais proeminentes empresas chinesas de tecnologia e, recentemente, voltou ao Vale do Silício para novos empreendimentos. Paulo foi o funcionário número um do Grooveshark, que, até 2015, foi um dos maiores sites de música da internet. Mike é o criador do Instagram, um dos aplicativos mais baixados do mundo. E todos eles são brasileiros.

O Brasil está na linha de frente de diversos projetos tecnológicos populares. E, sim, isso tem a ver com o nosso jeitinho – no bom sentido. “Nós não somos sistemáticos, obedientes e cooperativos como os japoneses. Tampouco temos o voluntarismo, a liderança e o preparo científico dos americanos. Mas a criatividade e a capacidade de improviso típicas do brasileiro explicam sua ascensão no mundo da tecnologia”, diz Milton Campanário, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP. É graças a esse estilo, mais grandes doses de esforço e sorte, que os brasileiros conquistaram o Vale do Silício.

Conheça 4 brasileiros que fizeram carreira no Vale do Silício
Mike Krieger, criador do Instagram. Nascido em São Paulo, SP. Apostou em uma ideia despretensiosa – que hoje vale bilhões de dólares. (Mike Krieger/Divulgação)

 

Filho de um executivo que rodava o mundo a negócios, Mike Krieger e sua família saíram de São Paulo para morar em Portugal quando ele tinha apenas 4 anos. Nessa época, ganhou seu primeiro computador. Depois de morar em cidades como Miami e Buenos Aires, voltou ao Brasil aos 15 anos. Não ficou muito. Aos 18 anos, ele foi para a Universidade Stanford, nos EUA, uma das melhores do mundo. Mike foi estudar Symbolic Systems (Sistemas Simbólicos), uma disciplina cabeçuda que mistura matérias como programação, design e filosofia. Mas, no terceiro ano do curso, conheceu um americano chamado Kevin Systrom e juntos eles tiveram a ideia de criar algo bem despretensioso: um aplicativo que deixava as fotos com cara de filme fotográfico antigo. Nascia o Instagram, que já no primeiro dia teve 20 mil downloads. O aplicativo foi ganhando popularidade até que acabou comprado pelo Facebook por US$ 1 bilhão. Mesmo com US$ 100 milhões a mais na conta-, ele diz que seus hábitos não mudaram e continua indo de bicicleta para o trabalho. Mike vem uma vez por ano ao Brasil e diz ter vontade de colaborar com o desenvolvimento do país. “Eu continuo superinteressado no futuro das empresas de tecnologia no Brasil.”

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Hugo Barra, gerente mundial do Android. Nascido em Belo Horizonte, MG. Cismou de estudar nos EUA. Até chamar a atenção do Google. (Hugo Barra/Divulgação)
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O mineiro Hugo Barra, 35 anos, estudou em um colégio pacato de Belo Horizonte, ao lado de um zoológico. Foi cursar engenharia elétrica na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Até que um dia, durante uma partida de tênis, um amigo comentou com ele sobre o Massachusetts Institute of Technology (MIT), universidade que está entre os maiores centros tecnológicos do mundo. Hugo ficou encantado e começou a estudar para tentar entrar no MIT – o que conseguiu um ano depois. Cursou ciências da computação, foi trabalhar no laboratório de inteligência artificial do MIT e montou uma empresa de softwares de reconhecimento de voz. Chamou a atenção do Google, que em 2008 o contratou para trabalhar no Android (em substituição, aliás, a outro brasileiro: Mario Queiroz, que estava indo dirigir o projeto Google TV).

Hugo começou adaptando os serviços do Google, como busca e Gmail, para os celulares. Foi subindo na hierarquia da empresa até se tornar vice-presidente do Android. Deixou o Google para assumir a responsabilidade de representar a gigante chinesa da tecnologia, Xiamoi – mas saiu, em janeiro de 2017, querendo voltar à Califórnia e ao Vale do Silício.  Em suas horas de folga, Hugo gosta de jogar squash e dançar salsa.

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Alex Kipman, inventor do Kinect e das HoloLens. Nascido em Curitiba, PR. Durante as férias na chácara da tia, teve uma grande ideia. (Alex Kipman/Divulgação)

 

O curitibano Alex Kipman também tem um lado musical: gosta de tocar piano para arejar as ideias. Mas foi o silêncio do campo que o inspirou. Nas semanas de 2007 em que se hospedou na chácara da tia, no Paraná, ele se sentiu muito feliz. Imerso no clima do campo, começou a refletir sobre como a tecnologia às vezes escraviza as pessoas, com botões, telas e comandos aos quais os humanos têm de se adaptar – e não o contrário. Fez algumas anotações em um caderninho preto, que sempre levava consigo. Delas surgiu o chamado Projeto Natal, mais tarde rebatizado de Kinect. É o aparelho da Microsoft que permite controlar games com os movimentos do corpo. Foi o começo de uma nova era para o mundo digital. “Um mundo onde a tecnologia entende você para que você não tenha de entendê-la”, declarou ao New York Times.

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Alex entrou em contato com a tecnologia aos 5 anos, por meio dos jogos do Atari 2600 – presente do pai diplomata e embaixador do Brasil no Haiti. Por causa da profissão paterna, Kipman morou também em Brasília, Roma e Miami. Por volta dos 10 anos, começou a aprender computação. Mais tarde, foi fazer faculdade de engenharia de software no Rochester Institute of Technology, em Nova York. Aos 19 anos, montou uma empresa de tecnologia, que não deu certo. Foi trabalhar para a Nasa, escrevendo soft-wares para supertelescópios. Acostumou-se a dormir pouco, às vezes 3 horas por noite.

A entrada na Microsoft foi inesperada. Kipman recebeu um telefonema da empresa – um contato surgido “do nada”, como ele mesmo diz. Ele usava softwares de código aberto e não era fã da Microsoft. Mas, ao chegar lá, foi recebido por ninguém menos do que Bill Gates. Alex disse que ficou “embasbacado”. E aceitou a oferta de emprego. Trabalhou em produtos como o Windows Vista até que um dia, de férias, teve a ideia do Kinect. Depois, se tornou um dos responsáveis pela setor de criação de novos dispositivos na Microsoft e é o nome por trás da criação das HoloLens, um headset que permite que o usuário da Microsoft interaja com o computador através de hologramas – e pode mudar o futuro da computação.

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Paulo da Silva, engenheiro sênior no Grooveshark. Nascido em São Paulo, SP. A empresa nem mesas tinha. Mas ele topou trabalhar lá: e se deu bem. (Ryan Wendler/Divulgação)
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Paulo da Silva se sentiu confuso quando ganhou o primeiro computador, na infância. “Eu não o entendia muito bem”, diz. Mas seu interesse foi aumentando. Aos 12 anos, Paulo entrou num curso de programação de software e começou a desenvolver programas para empresas de amigos e parentes. O pai dele recebeu um convite de trabalho e se mudou para os EUA, levando a família. Em 2006, Paulo foi estudar engenharia da computação na Universidade da Flórida. “Meu sonho era criar uma empresa de desenvolvimento de software”, comenta. Nada disso. Paulo ficou sabendo que um site desconhecido, o Grooveshark, estava procurando seu primeiro funcionário. Ele era uma jukebox virtual, ou seja, um site em que você pode entrar e ouvir qualquer música na hora sem precisar baixá-la para o seu computador. O site chegou a ter um acervo com 15 milhões de músicas e mais de 30 milhões de usuários – até ser fechado, em 2015, por conta de disputas de direitos autorais com a Universal Music.

Paulo segue como engenheiro sênior do site – e se tornou reitor da Universidade Grooveshark, projeto derivado da empresa. E quer ajudar outras pessoas – brasileiras inclusive – a chegar lá ao topo do mundo da tecnologia. “Meu sonho é mudar a educação na área de ciências da computação. As faculdades aqui são caras e não ensinam tudo o que você deve saber para conseguir um emprego.” Inteligência, estudo, trabalho. E um pouco de gingado.

PARA SABER MAIS
What Makes Silicon Valley Tick?
Tapan Munroe, Nova Vista Publishing, 2009.

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