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Drinks de realidade virtual transformam “água em vinho”

Com um copo especial e um app para celular, é possível convencer seu cérebro de que você está tomando a bebida que quiser.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 nov 2017, 18h45 - Publicado em 6 nov 2017, 18h37

Realidade virtual geralmente é associada a videogames, mas um grupo de pesquisadores de Cingapura tem uma proposta para trazê-la para o mundo da gastronomia.

A habilidade de sentir gostos exige a interação de muitos sentidos ao mesmo tempo: o estímulo nas suas papilas gustativas, o aroma no seu nariz e a interpretação de tudo isso pelo seu cérebro. É nesse último ponto que entra o Vocktail, a taça de realidade virtual que manipula seus sentidos e faz o cérebro acreditar que a água no copo tem uma série de sabores distintos.

O primeiro elemento do Vocktail é uma taça de coquetel, que é acoplada a um sistema eletrônico impresso em 3D. Lá dentro, você adiciona a bebida que quiser, de água a champagne. E aí começa a brincar.

Primeiro, a taça traz iluminação de LED, que modifica a cor da bebida. Isso é especialmente importante antes de você dar o primeiro gole: a cor de um alimento te traz, automaticamente, uma série de expectativas de sabor.

Alimentos de cores vivas são percebidos como mais apetitosos. Verde e amarelo são instintivamente associados ao gosto azedo. Vermelho, ao doce.

Depois, vem a parte mais importante, o gosto em si. Sentimos sabores sempre em duplas: parte vem do paladar e parte do olfato. A importância dos cheiros e aromas é maior do que parece. Quando você põe a bebida (ou a comida) na boca, os componentes aromáticos voláteis são enviados para o nariz por dentro da sua cabeça mesmo, em um processo chamado de “olfação retronasal”.

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Para criar essa combinação artificialmente, os pesquisadores criaram um apêndice no copo, um tubinho que libera até três tipos de aromas diferentes perto do nariz enquanto você bebe. Os tubinhos de aromas, inclusive, podem ser recarregados como cartuchos de impressora.

Já na borda do copo, onde você coloca a boca, há um peça de apoio, que aplica um levíssimo estímulo elétrico na ponta da língua quando você entra em contato com o drink. Esses estímulos trazem correntes elétricas de diferentes magnitudes – que simulam a sensação de gosto salgado, amargo ou azedo.

O copo tecnológico é controlado por um app, que permite a combinação de diferentes configurações de cor, cheiro e gosto, de acordo com a preferência do dono. Receitas favoritas também podem ser salvas e compartilhadas com os amigos.

No artigo recém-publicado pelos autores, eles descrevem todo o processo de testes do Vocktail. Eles testaram os três tipos de estímulos separadamente. Não dava certo: dava uma espécie de dissonância na cabeça das pessoas, sentir o cheiro de limão mas o gosto da água. Ou sentir o gosto de amargo, mas sem nenhuma referência visual ou de cheiro. Mas quando os três elementos estavam presentes, a dissonância desaparecia. 

Só tem um problema: é preciso escolher combinações que façam sentido para a sua cabeça. Os pesquisadores testaram, de propósito, misturas não-harmoniosas de cheiro e gosto. Uma das bebidas-teste era azul, com gosto elétrico salgado. A combinação ideal aqui seria um cheiro salgado, marítimo – como o da tinta de polvo, usada como molho na culinária. Como contraste, eles usaram o aroma de baunilha, que costuma ser adicionado a doces e bolos. O gosto, como você pode imaginar, foi uma nojeira sensorial. Da mesma forma, uma bebida verde, com gosto elétrico azedo agrada quando é combinada ao óleo essencial de limão, mas fez os voluntários sofrerem ao ser testada com cheiro de chocolate.

É um gadget fofo, divertido, que pode ajudar a melhorar os hábitos das pessoas no futuro – diminuir a necessidade de açúcar no drink simulando o aroma adocicado ou emperequetando a água para quem tem dificuldade de beber água pura. E, para fazer jus ao título, pode chegar a transformar água em vinho.

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A taça, cheia de água, com uma luz roxa de LED, mais o gosto elétrico amargo e um aroma de uva poderia tranquilamente se aproximar do gosto do vinho.

Mas o legal mesmo é como, do ponto de vista científico, a combinação de técnicas nos ajuda a entender melhor como o cérebro humano percebe as sensações de gosto e cheiro.

 

 

 

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