Eclipse: a Lua esconde quase todo o Sol, de norte a sul do país
Dicas para se ver o eclipse do Sol no dia 30 de junho.
Na manhã do dia 30 deste mês, o Sol nascerá com o estranho aspecto de uma lua crescente. O motivo é um eclipse total, diretamente visível dentro de uma estreita faixa que começa no sul da África e corta o continente sul-americano na altura das cidades gaúchas de Chuí e São Gabriel da Cachoeira. Isso não significa que o espetáculo deixará de maravilhar milhões de pessoas, de Manaus , no Amazonas, a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Todo o país poderá acompanhar a dança celeste em que a Lua oculta Sua Majestade, o Sol – um dos eventos astronômicos de maior impacto visual, capaz de fazer até os animais levantar a cabeça para o céu. A magnitude do eclipse cresce de noroeste para sudeste, de forma que será quase imperceptível em Manaus, mas já terá duração de 2 horas em Fortaleza, e um pouco mais que esto em toda a costa litorânea.
Na zona de totalidade, o Sol nasce apenas parcialmente eclipsado, mas, menos de 10 minutos depois, fica coberto por inteiro, trazendo a noite de volta por alguns instantes. As estrelas reaparecem e os animais ficam desorientados, a ponto de as aves se recolherem para dormir. Mas o engano dura pouco. Mesmo no centro da faixa da totalidade, a escuridão não dura mais que 4 minutos. Quem quiser prolongar a duração do espetáculo, precisa acompanhar a marcha da sombra sobre a superfície terrestre, em um barco ou avião, se afastando da costa uruguaia algumas dezenas de quilômetros mar adentro.
O eclipse será parcial, mas de magnitude pronunciada, entre o Rio grande do Sul e o Rio de Janeiro. Como o fenômeno ocorre nas proximidades do horizonte, se torna um excelente alvo para os amantes da astrofotografia. Tomadas de cena do disco meio flamejante, meio escuro, com pessoas e acidentes geográficos em primeiro plano, podem produzir belíssimos efeitos. O nascer do Sol no mar ou nas lagoas próximas a Porto Alegre propiciam raras composições dos elementos “água” e “fogo”. Mas cuidado: em qualquer tipo de observação, não deixe jamais de proteger a vista com filtros solares ou filmes de raios X completamente velados.
Antes do Sol, a vez da Lua
Na madrugada do dia 15, a Lua penetrará na sombra da Terra, num eclipse parcial a partir de 0h27min, até as 3h27min. No máximo, à 1h57min, dois terços de sua face ficarão encobertos. Dependendo das condições avermelhada. A lua é alvo fácil para amadores de astrofotografia. A penumbra começa meia hora antes do escurecimento mais forte, ou umbra, e termina meia hora depois. Mas não produz efeito visível.
Não perca a chance de ver Mercúrio
No final de junho e inicio de julho, o planeta mais próximo do Sol está na melhor fase de visibilidade, no Hemisfério Sul. De um local onde se vê o horizonte oeste sem obstáculos, logo apo o ocaso, vasculhe a região vizinha ao pôr-do-sol e procure um ponto de luz vermelha, especialmente a 22 de junho. Nesse dia, Mercúrio está a 5 graus ao sul de um astro fácil de achar mesmo no céu de São Paulo: Pollux, da constelação de Gêmeos ( para medir 5 graus, estique o braço e observe o comprimento do polegar projetado no céu)
Como fotografar eclipses
Boa qualidade exige recursos, como luneta, teleobjetiva, equipamento de múltipla exposição, tripé. Para o eclipse da Lua, use filmes de alta sensibilidade, mais de 400 ASA. Para o Sol, vale o oposto: a menor sensibilidade, ou menos de 100 ASA, além de filtros especiais ou filmes de raios X queimados. Obtém-se uma seqüência progressiva do eclipse em uma única fotografia com uma exposição múltipla em intervalos da ordem de 4 a 5 minutos.
Planetas
Mercúrio: visível em Gêmeos ao pôr-do-sol, desde a ultima semana de junho até a terceira de julho ( magn. -0,6)
Vênus: invisível por estar passando por trás do Sol.
Marte: visível junto a Áries e Peixes, desde as 2h00 da madrugada, acima do horizonte leste (magn. 0,9)
Júpiter: visível na primeira metade da noite, no Leão, ao lado da estrela Regulus (magn. -1,9)
Saturno: nasce às 21 horas e permanece visível até o amanhecer, em Capricórnio (magn. 0,5)
Urano, Netuno e Plutão: invisíveis a olho nu.
Augusto Damineli Neto é presidente da Sociedade Astronômica Brasileira. Pesquisador do IAG USP- Doutor em Astronomia.