O astrônomo Raymundo Baptista, da Universidade Federal de Santa Catarina, montou, numa seqüência sensacional, as imagens mais precisas já feitas de um sistema celeste raro, chamado nova anã. Ele é formado por uma estrela comum, como o Sol, e uma companheira minúscula e superdensa. Essa última concentra tanta força gravitacional que, vez por outra, arranca nacos de massa gasosa da maior. O gás voa para o astro, superconcentrado numa espiral, e, ao chocar-se com ele em alta velocidade, brilha. A nova anã estudada por Baptista está situada a 1 500 anos-luz (1 ano-luz mede 9,5 trilhões de quilômetros), perto da Constelação da Ursa Maior. Ela passa por esse processo, que a deixa de quarenta a cem vezes mais brilhante, uma vez por mês. Utilizando um software para tratar imagens, que ele mesmo desenvolveu em 1989, o brasileiro registrou toda a erupção estelar em detalhes inéditos. “Já vimos que parte do gás escapa do choque com a estrela na forma de um jato de matéria”, contou ele à SUPER. É uma caraterística das nas anãs que ainda não tinha sido documentada pela ciência.
Come-come estelar
Uma microestrela, superpesada, arranca pedaços de uma vizinha.
As duas estrelas, juntas, têm o mesmo diâmetro do Sol – 1,4 milhão de quilômetros.
A dupla dá um giro completo a cada 5 horas.
Gases a uma temperatura de 20 000 graus Celsius são sugados da estrela maior numa espiral de 700 000 quilômetros de largura.
A estrela anã tem apenas 6 000 quilômetros de diâmetro – 6,5 vezes menos que a Terra.
Luz, câmera, ação!
Veja, passo a passo, como uma estrela minúscula aumenta seu brilho uma vez por mês.
1. A mancha acima é uma estrela anã branca, cercada de gases.
2. Ela puxa os gases de uma vizinha, que não está na imagem.
3. O repuxo de matéria toma a forma de uma espiral…
4. …Que, aos poucos, ganha velocidade em órbitas…
5. …Cada vez mais apertadas em volta do microastro.
6. O atrito entre as partículas do gás faz sua temperatura…
7. …Subir até 20 000 graus Celsius, ou seja,quatro vezes maior…
8. …Que a da face do Sol. No choque do gás com a anã…
9. …O brilho da dupla fica de 40 a 100 vezes maior que o normal.