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Escola multinacional

Estudantes de várias partes do planeta trocam informações através de rede de computadores dedicada ao ensino de ciências.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h37 - Publicado em 31 jul 1992, 22h00

Os dados mais confiáveis de que dispõe a National Geographic Society, em Washington, para traçar um quadro da chuva ácida no mundo, são fornecidos por crianças de 29 países. Isso acontece por meio da Kid-net, uma rede de computadores dedicada ao ensino de ciências para jovens de várias partes do planeta. Nas escolas, jovens noruegueses, chilenos, canadenses, israelenses, russos ou de qualquer país ligado à rede podem sentar-se lado a lado, sem sair de suas cidades, para desenvolver em conjunto trabalhos acadêmicos, como se estivessem em uma mesa na sala de aula.

Os estudantes brasileiros também entram nessa classe multinacional. Junto com colegas israelenses e americanos, participam do projeto Fast Plant, em que cada grupo planta alguns pés de couve da espécie Braccia rapa e estuda seu crescimento, trocando planilhas com dados por computador. Os brasileirinhos conversam com os estrangeiros via Rede Guri, um dos projetos da Escola do Futuro – um centro de estudos e difusão de novas tecnologias aplicadas à educação da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo.

São 22 escolas públicas e privadas envolvidas em cinco projetos. Além do Fast Plant, acontecem este ano o Culturas Teleconectadas, em que estudantes brasileiros e americanos trocam informações sobre suas vidas cotidianas. O Redwood/RainForest, uma conversa entre estudantes da Califórnia e de São Paulo sobre as florestas americanas e a Mata Atlântica; o projeto Artes, com intercambio de desenhos entre jovens de várias partes do mundo; e o Guri Eco 92 quando estudantes de 2º grau foram à conferência no Rio e mandaram notícias diárias pela rede.

Em cada uma das escolas integrantes da Rede Guri, há um microcomputador e um modem, pelo qual se faz uma ligação telefônica a um computador da USP. É por esse computador que se entra na Bitnet, uma rede que serve a comunidade acadêmica e cientifica internacional. Cada grupo que participa de um projeto tem uma espécie de caixa postal nessa rede, onde ficam armazenadas as informações para ele enviadas, que podem ser acessadas a qualquer momento. “As redes possibilitam a criação de um identidade entre os estudantes, que estão realizando estudos em comum, e minimiza os obstáculos que os separam, como terra, água, mar, distancias e línguas”, analisa Gita Guinsburg, coordenadora do Fast Plant no Brasil e diretora do colégio I.L.Peretz, em São Paulo.

A comunicação na Rede Guri não acontece em tempo real, ou seja, as mensagens – sempre em inglês – não são recebidas na mesma hora em que estão sendo enviadas. Para Fredric Michale Litto, coordenador na Escola do Futuro, isso não é problema. “A assincronia é uma das características do projeto”, afirma. “Afinal, as crianças em Israel estão seis horas à frente das brasileiras, que estão doze horas das japonesas.

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Importante mesmo é o contato com o computador – a idéia que move o trabalho da Escola do Futuro é fazer com que o aluno construa seu conhecimento a partir de uma base de informações armazenada na máquina, tendo o professor como guia, num processo personalizado e interativo. A intenção é tornar o computador transparente, a fim de que as crianças venham a aprender Historia, Biologia, Matemática ou qualquer outro disciplina tão familiarizadas com o equipamento que nem perceberão.

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