Espaços nunca dantes navegados
Como as caravelas na época de Colombo, as sondas da Terra se lançam ao espaço para descobrir se há seres vivos em outros planetas. Nossa geração está iniciando o maior empreendimento da história da humanidade.
Igor Fuser
Como você se sentiria se alienígenas desembarcassem na Terra, com naves ultramodernas, armas mortíferas e uma ordem de despejo? “Acabamos de comprar o Sistema Solar. Mas não se preocupem. Vocês poderão construir seu novo lar em outro planeta, lá na outra extremidade da galáxia. Por favor, comecem imediatamente a arrumar as coisas que nós vamos providenciar a mudança.”
Foi mais ou menos assim que se sentiram os povos indígenas no seu primeiro contato com o homem branco. Como será, então, nosso encontro com uma civilização de outro planeta? Uma festa ou uma tragédia? Pelo sim, pelo não, a ciência assumiu de vez seu novo desafio. Quer descobrir logo os ETs – antes que eles nos descubram. Na virada do milênio, sondas espaciais terráqueas avançam, como as caravelas de Colombo, por regiões nunca antes visitadas por um artefato humano. Querem encontrar “alguém” lá fora. Radiotelescópios esquadrinham cada canto do céu em busca de mensagens de alienígenas.
A expectativa cresce com a descoberta de planetas distantes e com a notícia de que um pedaço de rocha que se desprendeu de Marte, há milhões de anos, poderia conter fósseis de micróbios extraterrestres. A nave americana Pathfinder, que em julho deverá pousar na superfície de Marte, poderá esclarecer o enigma. Em outubro decolará a sonda européia Cassini. Destino: Saturno. Chegada prevista: ano 2004.
Nossa geração está prestes a participar de um evento que só tem paralelo no desembarque dos europeus na América, em 1492. Carl Sagan comparou os cientistas da Nasa aos navegadores portugueses da Escola de Sagres. As caravelas do nosso tempo são as espaçonaves. Com uma diferença: desta vez a missão é de paz. O objetivo dos novos argonautas não é dizimar quem estiver do outro lado.