Estamos sós no Universo?
Além de indícios de que a superfície de Marte tinha água, quais as evidências da existência de vida extraterrestre?
Salvador Nogueira
Não deixa de ser curioso que a maior evidência encontrada para a existência de vida extraterrestre não tenha vindo de poderosos telescópios ou sondas espaciais – e sim de uma pedra do tamanho de uma batata que caiu na Terra do espaço.
Conhecida como ALH 84001, a pedra é, na verdade, um meteorito de 2 quilos originário de Marte que foi encontrado em 1984, pela Nasa, em meio ao gelo da Antártida. Como ele tem pequenas cavidades e compostos que parecem ter sido feitos por bactérias, parte da comunidade científica levantou a hipótese de que esse seria um sinal de que houve formas de vida no passado marciano – enquanto outra parte, mais cética, diz que não há como provar que essas cavidades não foram feitas após sua queda na Terra.
O fato é que, apesar de hipóteses feitas a partir de estimativas de como deve ser a atmosfera de planetas distantes, o acesso que temos aos outros corpos celestes ainda é escasso. O caso de Marte é exemplar: desde que as sondas Viking 1 e 2, nos anos 70, começaram a vasculhar o planeta, não conseguimos ainda trazer amostras fresquinhas para análise. Ainda assim, o planeta vermelho continua sendo a melhor opção para a busca por vida extraterrestre. Por quê? Porque os cientistas sabem que Marte teve água em estado líquido no passado, substância essencial à formação das cadeias químicas responsáveis pela vida.
Sob o gelo de Europa
Além de Marte, outro candidato em nosso sistema solar para abrigar vida é Europa, uma das numerosas luas de Júpiter. Por estar muito mais distante do Sol do que a Terra, Europa seria um congelador pouco propício à vida, não fosse por um detalhe: o peso de Júpiter produz tamanho efeito gravitacional no satélite que chega a derreter parte do gelo no seu interior. O resultado é um oceano de água líquida localizado abaixo de vários quilômetros de gelo que poderia, sim, abrigar vida. Mas, como nenhuma sonda sequer chegou a Europa, tudo não passa de uma hipótese. De qualquer forma, os cientistas sabem que, se houver vida passada ou presente em nosso sistema solar, ela provavelmente será composta de seres unicelulares relativamente simples, como bactérias. A saída então é caçar novos candidatos em rincões mais distantes do Universo.
À espera de uma mensagem
Dos mais de 200 planetas conhecidos fora do nosso sistema solar, um deles, localizado ao redor de uma estrela chamada Gliese 581, foi alçado recentemente a candidato número 1 à vida. Tudo por ser, ao menos em tese, parecido com a Terra – com uma temperatura estimada entre 0 e 40 oC e provável presença de água. Por enquanto, saber na prática se ele abriga alguma forma de vida é impossível.
Uma forma mais eficiente de buscar vida no Universo é tentar encontrar rastros da atmosfera desses astros. Os dois maiores projetos espaciais voltados para esse objetivo são o Terrestrial Planet Finder (“Localizador de Planetas Terrestres”), da Nasa, e o Darwin, da Agência Espacial Européia (ESA). Eles poderão detectar a luz desses mundos distantes com qualidade suficiente para encontrar “assinaturas” que denunciem, por exemplo, que gases estariam presentes na atmosfera desses planetas. Caso haja uma quantidade grande de oxigênio e vapor d’água em sua composição, a chance de que ali exista vida passa a ser grande. Ainda assim, não haverá garantia nenhuma de que existam seres inteligentes. Para encontrar ETs que possam falar conosco, só há um meio conhecido: eles precisam nos enviar uma mensagem.
A probabilidade de que alguém esteja na vizinhança nos enviando um sinal (por rádio ou laser) é baixíssima, já que desde 1960 os cientistas usam radiotelescópios para tentar ouvir algo vindo das estrelas. Até agora, eles não encontraram nada comprovadamente gerado por um ser inteligente, como aqueles sinais sonoros encontrados por Jodie Foster no filme Contato. A verdade é que, a despeito de todos os candidatos, só conhecemos um planeta em que a vida se desenvolveu: a Terra.