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Fonte de energia

Bem no centro da Via Láctea há uma enorme fonte de antimatéria, que pode elucidar muita coisa

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h45 - Publicado em 31 ago 2004, 22h00

Cecilia Negrão

Em 1997, o satélite americano Compton GRO (Compton Gamma Ray Observatory) comprovou a existência de uma enorme fonte de antimatéria bem no centro da Via Láctea. A antimatéria é basicamente a mesma coisa que a matéria, só que com o sinal trocado, pois é constituída de partículas elementares com cargas elétricas inversas às da matéria (leia na página ao lado). Uma hipótese levantada para explicar a produção em grande escala de antimatéria no centro da nossa galáxia é a criação de elementos químicos por estrelas que explodem perto do local.

Coube ao satélite europeu Integral (International Gamma-Ray Astrophysics Laboratory) observar com nitidez a fonte de antimatéria no centro da Via Láctea. Em 2003, os detectores de raios gama do satélite descobriram que essas partículas não são provenientes de uma fonte pontual, mas difusa – distribuindo-se ao longo de mais de 4 mil anos-luz. Os astrônomos acreditam que essa descoberta pode fornecer pistas sobre a origem da matéria e da energia escuras que formam a maior parte do Universo.

Se a antimatéria fosse pontual, conforme foi observada em 1997 pelo Compton GRO, ela possivelmente estaria produzindo um imenso buraco negro no centro da nossa galáxia. “O fato de a antimatéria ser difusa pode, e muito, nos ajudar a desvendar a energia do universo. Hoje temos dúvida a respeito de 98,4% da constituição do Universo – sendo que 70% está sob forma de energia escura”, diz José Antônio Freitas Pacheco, pesquisador do Observatório de Côte d’Azur, na França. Como a antimatéria não se distribui em torno de um só ponto, ela pode ter muitas origens, como supernovas (explosões de estrelas no final de sua vida) e a interação entre raios cósmicos, nuvens de gás e poeira no meio interestelar.

No Universo, a antimatéria é pouco freqüente, mas pode ser criada mediante colisões de alta velocidade entre partículas de matéria. A antimatéria se produz também nas erupções solares, quando as partículas que se movem muito depressa pela explosão se chocam com outras mais lentas na atmosfera solar.

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Espelho meu

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Quando matériae antimatéria se encontram,soltam faísca

Antimatéria são os átomos constituídos por antipartículas – elas são idênticas às partículas elementares que compõem a matéria, mas com carga elétrica inversa. Assim, ao elétron, de carga elétrica negativa, corresponde o pósitron, de carga positiva. A mesma relação ocorre com prótons (positivos) e antiprótons (negativos). É como se a antimatéria fosse a imagem da matéria no espelho. Por suas propriedades, matéria e antimatéria não podem coexistir no mesmo espaço: quando se encontram, aniquilam-se mutuamente, virando energia.

A existência da antimatéria foi sugerida pela primeira vez em 1928 pelo físico inglês Paul Dirac. Em 1996, cientistas do Cern (Laboratório Europeu de Física de Partículas), com sede em Genebra, conseguiram produzir 50 000 átomos de anti-hidrogênio em um experimento. Qual o interesse prático de produzir antimatéria? Um dos objetivos é utilizá-la como fonte de energia. Por exemplo, com a aniquilação controlada da antimatéria e sua correspondente matéria, daria para reduzir o tanque de combustíveis das naves espaciais a menos de 10% do tamanho atual, o que possibilitaria viagens mais longas e de maior duração.

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O impacto da descoberta

O estudo da antimatéria pode fornecer informações valiosas sobre a origem da matéria e da energia escuras que formam a maior parte do Universo

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