Implantes Biônicos – Máquinas integradas
De olhos eletrônicos a cartilagem injetável para regenerar os joelhos, a nova geração de implantes vai muito além das antigas peças mecânicas acopladas
Tiago Cordeiro
Há pelo menos 10 anos a medicina promete olhos biônicos para alguns tipos de cegueira. Agora a promessa vai se tornar realidade. Na Austrália, os protótipos mais bem-sucedidos de que se tem notícia foram aprovados nos primeiros pacientes e receberam investimento de US$ 42 milhões do governo local para ser comercializados em massa a partir de 2013. Paralelamente, produtos como a córnea artificial e um microtelescópio para degeneração macular prometem melhorar a visão tal como não se via desde a invenção dos óculos.
Esse panorama vale para outras partes do corpo: assistimos ao nascimento de uma nova geração de implantes biônicos, mais eficientes, mais leves e mais bem integrados ao organismo. “De todas as áreas da tecnologia médica, a das próteses é uma das que mais vão apresentar boas notícias nos próximos anos”, diz Robert A. Freitas Jr., especialista em biotecnologia e um dos expoentes nas pesquisas com nanorrobótica aplicada à medicina.
PASS MAIS NATURAIS
As próteses de pé disponíveis hoje são rígidas e exigem muita energia do usuário para andar. O modelo desenvolvido por Art Kuo e Steve Collins, pesquisadores da Universidade de Michigan, tem um chip implantado que recicla parte dessa energia. Assim, os passos ficam mais leves e naturais. Deve sair da fase de testes em 2012.
SENRES IMPLANTADOS
O Sensor Mioelétrico Injetável são cilindros de 2 a 12 milímetros implantados bem nos músculos residuais do membro amputado. Eles comandam a prótese com muito mais precisão que os eletrodos atuais, que agem sobre a pele. Desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos EUA.
MAIOR FIDELIDADE
Vista uma luva e ninguém vai perceber que esta é uma mão mecânica. A companhia escocesa i-LIMB apresentou há dois anos este modelo capaz de reproduzir todos os movimentos corriqueiros – de segurar um garfo a fazer ginástica em barras verticais. Deve chegar aos pacientes ainda neste ano.
NANORREGENERAÇÃO
Uma das poucas aplicações já concretas da nanotecnologia na medicina é a cartilagem bioativa. Injetada em menos de um minuto em joelhos com dificuldades de articulação – como em atletas e portadores de artrite -, ela cresce sozinha e regenera a área desgastada. A eficácia já foi comprovada em animais. Agora falta o teste em humanos.
Olho biônico
Quando estiver disponível, em 3 anos, ele trará a visão a cegos que não tenham lesões no nervo óptico
1. Câmera de vídeo
Instalada em óculos, ela registra as imagens.
2. Processador wireless
Ele converte as imagens da câmera em sinais digitais, enviados então para um implante também sem fio.
3. Implante biônico
Um chipe com 1 000 eletrodos é instalado na retina. Ele recebe os sinais do processador, que estimulam o nervo óptico.
4. Nervo óptico
Ele transmite impulsos elétricos da retina para o cérebro.
O que vem por aí
Por enquanto a imagem é apenas um jogo de luzes e sombras, mas já é um grande passo na hora de um cego andar. Para 2013, a australiana Bionic Vision, responsável pelo produto, promete um implante que permitirá enxergar cores e identificar rostos.