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Lixo precioso

A tecnologia de reciclagemde plásticos avança. E o resultado aparece por toda a parte

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h39 - Publicado em 31 ago 2004, 22h00

Karen Gimenez

Você não percebe, mas a saboneteira que está no seu banheiro, a tinta que cobre as paredes do seu quarto ou o cano que leva o esgoto da sua casa até a rede pública pode já ter passado por suas mãos algum tempo antes. A evolução tecnológica da reciclagem de plásticos permite que a embalagem de refrigerante de ontem tenha, hoje, essas entre tantas outras formas.

Quando as garrafas de vidro começaram a ser substituídas pela resina polietileno tereftalato (PET), no final dos anos 80, havia iniciativas tímidas para sua reciclagem. As embalagens de refrigerante descartadas davam origem a alguns modelos de cordas e tecidos de poliéster. Na década de 90, com a saída quase total do vidro do mercado de refrigerantes e a adoção do PET em outros segmentos da indústria de embalagens, os processos de reciclagem avançaram rapidamente. Além dos aspectos ambientais, reciclar plástico vem se transformando em um promissor negócio para muita gente. “A tecnologia se desenvolveu com muita velocidade nos últimos anos. Já conseguimos, a partir dos processos de reciclagem, uma matéria-prima com características muito próximas às da resina virgem”, diz o engenheiro químico Antonio Cláudio dos Santos, integrante da Comissão de Meio Abiente da Associação Brasileira das Indústrias de PET (Abipet). Isso significa que muita coisa que antes precisava de resina vinda da natureza hoje pode ser feita a partir do processamento de produtos jogados no lixo.

As pesquisas se direcionam também para aprimorar a transformação de PET reciclado em embalagens de alimentos. É o chamado bottle to bottle (de garrafa para garrafa). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Brasil, e órgãos semelhantes no exterior ainda proíbem o uso de PET reciclado em embalagens que tenham contato direto com os alimentos. É uma precaução contra algum tipo de contaminação que o material possa ter sofrido em sua vida anterior. “Há experiências de grande sucesso em bottle to bottle na França, na Austrália e em outros países, usando reatores no processo de produção”, diz Santos. No Brasil, há três empresas que utilizam essa tecnologia. Elas transformam garrafas PET recicladas em embalagens novas para produtos de limpeza.

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Desperdício

Reciclagem do PET aumenta, mas poderia ser muito maior

Em 2003, o Brasil reciclou 140 000 toneladas de garrafas PET, segundo a Abipet. Em relação ao ano anterior, o avanço foi de 35%. Acredita-se que o Brasil recicle cerca de 40% do PET que produz. “Poderia ser mais”, avalia o engenheiro Antonio Cláudio dos Santos. “As iniciativas de conscientização da população ainda são muito tímidas, bem como o investimento governamental em sistemas de coleta seletiva próprios ou de incentivo à organização dos catadores”. Ele mostra que o crescimento dessa indústria, tanto no aspecto econômico quanto no ambiental, pode ser prejudicado caso não haja uma conscientização maior, principalmente do consumidor final. “A indústria de reciclagem brasileira carece de matéria-prima. Ainda se enterra muita garrafa PET”, lamenta.

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O impacto da descoberta

Os avanços tecnológicos no processo de fabricação de embalagens a partir de Pet reciclado levaram a uma economia de até 96% nos gastos com energia, em comparação com os meios tradicionais que dependem da resina originada diretamente do petróleo

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