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Luz afiada

Para estudar moléculas, cientistas brasileiros montaram um aparelho capaz de gerar raios luminosos ultrapenetrantes.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h33 - Publicado em 31 mar 1999, 22h00

Ivonete D. Lucírio

Quando a sirene toca, todos os ocupantes da sala têm exatamente 5 minutos para sair. Depois disso, milhões de elétrons começam a ser injetados à velocidade de quase 300 000 quilômetros por segundo nos tubos de aço do vasto anel de 31 metros de diâmetro que domina a sala. Essa é a pista frenética do acelerador de partículas do Laboratório Nacional de Luz Sincrotron, o LNLS, em Campinas, interior de São Paulo. No momento da aceleração inicial a radiação que os átomos produzem pode causar sérios danos à saúde – como câncer.

Todo dia o ritual se repete, desde 28 de outubro de 1996, quando o equipamento foi ligado. A função dessa máquina complexa é gerar a claridade artificial mais brilhante que existe – na qual os átomos correm sincronizados. A luz sincrotron atravessa qualquer material e revela como se organizam as moléculas das substâncias, seja metal, proteína ou gás. Depois dos minutos perigosos da propulsão, durante 20 horas a corrida louca das partículas pelo anel produz fachos de luz cortante que os pesquisadores apontam sobre os objetos que querem analisar.

Única máquina do tipo no hemisfério sul, o LNLS foi totalmente feito no Brasil. “Quando decidimos montá-lo, não tínhamos know-how”, conta Ricardo Rodrigues, diretor do Laboratório. Aos poucos, os cientistas aprenderam a tecnologia e projetaram cada uma das peças do acelerador. “Essa é a melhor forma de adquirir os complexos instrumentos da ciência atual”, diz Rodrigues. “Assim, você domina tudo por completo.” Sem contar que, se houver um defeito e a sirene tocar no meio do trabalho, os próprios pesquisadores saberão como repará-lo.

Tons fortes

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A luz produzida por esta máquina é invasiva. A claridade das lâmpadas comuns é formada por cores como o vermelho, o amarelo ou o azul. Mas os fachos que saem desta engrenagem, além das colorações habituais, têm raios X e infravermelhos de grande intensidade, invisíveis ao olho humano. Com eles, os pesquisadores podem penetrar os materiais e descobrir de que maneira se organizam os átomos e as moléculas de qualquer corpo

Carrossel eletrônico

Ao fazer curva, os elétrons brilham.

1. Os elétrons jorram de um injetor e caem em câmaras subterrâneas onde são propulsionados pela energia de geradores de microondas. Aí, aceleram até uma velocidade próxima à da luz.

2. As partículas entram nos tubos do anel. Circulando no vácuo, nada interrompe a disparada. A corrida atômica dura até 20 horas.

3. Os doze ímãs que circundam o anel obrigam os elétrons – que só se movem em linha reta – a fazer a curva. Ao mudar de direção, eles emitem uma radiação ultrabrilhante – a luz sincrotron. De cada ímã sai um facho, doze no total.

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