Marginais do Sistema Solar
Por trás da polêmica em torno de Plutão estão os TNOs, corpos celestes quase desconhecidos.
Thereza Venturoli
A União Internacional de Astronomia (IAU, em inglês), órgão que registra as descobertas e nomeia os corpos celestes, decidiu que Plutão vai mesmo continuar sendo planeta. Ao dar a notícia, a IAU negou que o astro seja o foco da sua atenção, como saiu na imprensa. A SUPER, na edição de fevereiro, também contou a história de maneira incompleta. O que se pretende é criar uma nova categoria de corpos celestes, situados além de Netuno e por isso chamados objetos transnetunianos (TNOs, em inglês). Pequenos, feitos em grande parte de gelo, correndo numa órbita alongada (e não quase circular, como a dos planetas), eles lembram cometões sem cauda. Só em 1992 se achou o primeiro transnetuniano, uma esfera gelada de 200 quilômetros de diâmetro, designado pela sigla 1992 QB1. A partir de então, foram detectados mais 83 TNOs. Ora, como Plutão também tem órbita comprida, é meio gelado e não muito grande, talvez devesse ser catalogado como um transnetuniano. Aí, pode ser que ele perca o título de planeta, ou não, no futuro. O assunto é complicado. Basta lembrar a história de Ceres, o maior dos asteróides, de 1 000 quilômetros de diâmetro, no cinturão entre Marte e Júpiter. Logo que foi achado, em 1801, Ceres foi catalogado como um planeta. Só que, assim que se detectaram outros pedregulhos na região, ficou claro que ele era um asteróide. Aliás, a distinção entre asteróide e planeta não é lá muito clara até hoje. Veja abaixo quantos corpos diferentes cabem no balaio planetário.
Salada em torno do Sol
Veja como a categoria de planeta engloba corpos muito diferentes.
Sólidos X Gasosos
Mercúrio, Vênus, Terra, Marte e Vênus são feitos de rocha. Os gigantes Júpiter, Saturno, Urano e Netuno são 90% gás.
Grandes X Pequenos
Mercúrio tem um diâmetro de apenas 2 400 quilômetros. Em Júpiter, o diâmetro é trinta vezes maior.
Solitários X Acompanhados
Mercúrio e Vênus não possuem luas. Os demais planetas têm pelo menos um satélite. Até o asteróide Gaspra tem uma luinha.