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Máscaras atrapalham sistemas de reconhecimento facial, aponta estudo

Algumas empresas já estão trabalhando para melhorar seus algoritmos, o que pode ser positivo e negativo ao mesmo tempo. Entenda.

Por Carolina Fioratti
29 jul 2020, 18h22

Com a pandemia do novo coronavírus, toda a população teve que aderir às máscaras para evitar a propagação do Sars-CoV-2. A mudança repentina foi um choque para os serviços de reconhecimento facial, que passaram a enfrentar problemas para identificar usuários. Isso porque a tecnologia é treinada para reconhecer pontos específicos do rosto, baseando-se na geometria facial – com a máscara tapando boca e nariz, o algoritmo pode falhar.

Um estudo preliminar do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) dos Estados Unidos analisou o desempenho de 89 algoritmos de reconhecimento facial em imagens de um milhão de pessoas. Os indivíduos das fotos foram digitalmente mascarados, ou seja, foram aplicados desenhos sobre os rostos que imitavam máscaras de diversos tamanhos e cores.  

Serviços de reconhecimento facial podem identificar pessoas de máscara?
Para o estudo, foram utilizadas fotos de imigrantes que atravessaram a fronteira com os Estados Unidos. As imagens foram manipuladas para acrescentar diferentes modelos de máscaras. (National Institute of Standards and Technology/Reprodução)

De acordo com a agência, mesmo o melhor dos algoritmos testados ainda apresentou taxas de erro entre 5% e 50% no reconhecimento de pessoas com as máscaras falsas. Outro ponto relevante está na cor das máscaras: quando elas eram escuras, os softwares se saíam pior ainda. 

No início da pandemia, empresas como a Facewatch (Reino Unido) e a SenseTime (China) anunciaram que seus serviços eram capazes de reconhecer pessoas mesmo de máscara. Enquanto isso, outras companhias seguem adaptando seus logaritmos para aprimorar a identificação. Em maio, o site Cnet noticiou que alguns pesquisadores independentes estavam utilizando imagens postadas nas redes sociais para criar um banco de dados e aprimorar a tecnologia. 

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Tais mudanças trazem pontos positivos e negativos. Para entender, é necessário lembrar que o reconhecimento facial não é utilizado unicamente para desbloquear celulares ou realizar transações bancárias. A tecnologia também pode ser aplicada por serviços de segurança e outros órgãos governamentais. 

Máscaras, capacetes, gorros e bonés não são bem vistos em alguns ambientes, como bancos, já que obstruem o rosto das pessoas. Mas agora, o uso das máscaras tornou-se questão de saúde pública. Um reconhecimento facial adequado pode evitar acusações imprecisas. Charles Rollet, analista da IPVM, grupo independente que rastreia a tecnologia de vigilância, disse ao The Intercept que, com as máscaras, “existe o risco de uma taxa de ‘falsos positivos’ substancialmente mais alta, que, em um ambiente de aplicação da lei, pode levar a prisões ilegais ou coisa pior”.

Por outro lado, alguns algoritmos de reconhecimento facial já se mostravam ineficazes na identificação de mulheres e pessoas negras. Além disso, nos EUA essa tecnologia não é regulamentada por lei, o que dificulta seu controle. No Brasil, também não há nenhum sistema que monitore esse tipo de serviço, mas a Lei Geral de Proteção de Dados pode enquadrar alguns casos.

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