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No meio do céu tem um saca-rolha

A idéia de que o Universo é igual em todas as direções é abalada por uma descoberta surpreendente.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h32 - Publicado em 30 jun 1997, 22h00

Thereza Venturoli

Segundo os dogmas astronômicos, o Cosmo tende a ser homogêneo: espaço e matéria estão distribuídos igualmente por todos os lados. É o que se chama Universo isotrópico – uma definição que bate direitinho com a idéia do Big Bang, a explosão primordial que deu origem a tudo, espalhando a matéria e o espaço em todas as direções. Democraticamente. Agora, os americanos John Ralston e Borge Nodland, das universidades do Kansas e de Rochester (em Nova York), estão desafiando esses dogmas. Eles acharam uma região do céu com características diferentes das que seriam esperadas num Universo uniforme.

Primeiro, Ralston e Nodland observaram ondas de rádio de 160 galáxias distantes e verificaram que essas ondas se torcem como um saca-rolha. Até aí, tudo bem: as “roscas” de radiação são bem conhecidas. Em 1845, o físico inglês Michael Faraday (1791-1867) reparou que a luz é torcida por qualquer campo magnético, como o existente ao redor das galáxias. Então, se isso vale para a luz, vale também para o rádio (que é um tipo de luz invisível). E, se o espaço é todo igual, todas as roscas também deveriam ser iguais.

Mas aí é que vem a surpresa: os dois pesquisadores acharam um saca-rolha mais torcido que todos os outros (veja o infográfico abaixo). Ou seja: ali naquela região do Cosmo, o espaço deve ser diferente. O supercaracol segue um eixo imaginário que, visto da Terra, corta o céu a partir da Constelação de Águia até a Constelação de Sextante. (Agora em julho, você pode ver a estrela mais brilhante de Águia, Altair. Localize-a no Mapa do céu, ao lado. O eixo liga Altair ao horizonte oeste do Mapa.)

O que tem de diferente naquele pedaço de espaço os astrônomos ainda não sabem dizer. Mas acham que esse eixo pode ser a “espinha dorsal” do Universo. Se existir mesmo essa “espinha dorsal”, o Cosmo deixa de ser monotonamente isotrópico. Passa a ter hemisférios, com características diferenciadas.

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A espiral decifrada

Observando as torções das ondas de rádio, cientistas desafiam o dogma de que o espaço seja homogêneo em toda a sua extensão.
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1 – As ondas de rádio vêm rodopiando pelo espaço, torcidas pelo campo magnético das galáxias que encontram pelo caminho. Essa torção deveria ser igual para ondas vindas de qualquer ponto do Cosmo.

2 – Mas existe uma região em que o saca-rolha de ondas dá rodopios mais apertados em torno de seu eixo imaginário. Ou seja, ali, o espaço tem alguma coisa de diferente do restante do Cosmo.

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