O campeonato mundial de espiões
O governo americano picotou documentos e desafiou o mundo a remontá-los. A recompensa é um prêmio de US$ 50 mil. E o vencedor, um brasileiro.
Os americanos querem ter acesso a todas as informações do mundo – inclusive as escritas em papéis rasgados. Esse é o objetivo da Darpa, a divisão de alta tecnologia do Pentágono, que tem entre suas criações a Arpanet (rede que deu origem à internet) e recentemente propôs um novo desafio: reconstruir 5 documentos que haviam sido picotados em máquinas trituradoras de papel, daquelas usadas em escritórios.
Os documentos, provenientes de zonasde guerra, traziam mapas e a localização de agentes dos EUA. Eram informações confidenciais, mas propositalmente desatualizadas por questões de segurança. O objetivo dos americanos era simples: eles queriam desenvolver técnicas que permitam reconstruir documentos que tenham sido triturados por seus inimigos. “Esse tipo de estudo é essencial para obter informações importantes para o país”, diz Norm Whitaker, diretor da Darpa.
Deu certo. O time vencedor, que ganhou o prêmio de US$ 50 mil, era formado por 3 programadores, entre eles o brasileiro Otavio Good. A equipe desenvolveu um programa de computador que analisou os 10 mil fragmentos em que os documentos haviam sido picotados e tentava descobrir qual se encaixava em qual. “O nosso programa indicava a suposta posição de cada pedaço”, explica Good. O grupo levou 36 dias para concluir o desafio. Otavio, que é dono de uma empresa de software, diz que ainda não sabe o que vai fazer com o prêmio do Pentágono – e nega qualquer interesse em virar espião. “Só participamos porque adoramos competir.”