O game mais curioso do mundo
Dois milhões de pessoas estão tentando descobrir o que tem dentro deste cubo. Mas só uma irá conseguir
Marcos Ricardo dos Santos
Na sua frente aparece um cubo. Qualquer pessoa do mundo pode clicar nele. A cada clique, um pedacinho do cubo some. Até que o cubo vai desaparecer e revelar uma surpresa. Essa é a premissa de Curiosity, uma mistura de game com experiência sociológica que foi criada pelo inglês Peter Molyneux. Ele é um dos designers de games mais importantes do mundo, conhecido por seu viés experimental (é o criador da série Black & White, na qual o jogador assume o papel de Deus).
Curiosity é um game para smartphones – há versões para Android e iOS, que podem ser baixadas nas respectivas lojas de aplicativos -, e atraiu 2 milhões de jogadores apenas no primeiro mês. Todas atiçadas pela curiosidade e seduzidas por uma promessa: segundo Molyneux, o segredo que está dentro do cubo “vai mudar a vida” de quem o descobrir. E somente uma pessoa terá acesso a esse segredo. Quando o último pedaço do cubo for retirado, e o mistério for revelado, o game se autodestruirá. Mais do que um jogo, é uma experiência para avaliar o comportamento humano. Molyneux quer saber, por exemplo, o quanto as pessoas estão dispostas a trabalhar em nome de um projeto coletivo – especialmente nas primeiras fases do jogo, quando elas sabem que ainda não têm chance de descobrir o segredo. “Acho que muitos vão apenas ficar observando, como voyeurs”, avalia.
O game deu origem a uma rede de blogs mantidos por fãs, que acompanham em tempo real o andamento dos trabalhos e comemoram quando uma nova camada do cubo é retirada (foram 29 no primeiro mês). Outros tentam calcular, com fórmulas matemáticas, quando o cubo finalmente será destruído – em agosto de 2013, acredita-se. Quando isso acontecer, o jogador que der o último clique receberá o segredo. “Será que a pessoa guardará só para ela ou divulgará nas redes sociais?”, pergunta Molyneux. E o mais importante: será que os outros jogadores vão acreditar nela?