Texto Thaís Siqueira
Diz a lenda que, durante a Guerra Fria, os soviéticos tentaram inventar técnicas de controle da mente. Ninguém sabe se isso realmente aconteceu nem se deu certo. Mas agora os americanos vão tentar, e pra valer: o Exército dos EUA criou um projeto para desenvolver os chamados “capacetes do pensamento” – eles teriam uma rede de sensores capazes de ler, em tempo real, o que a pessoa está pensando. Oficialmente, a idéia é usar esse aparelho para que os soldados possam se comunicar sem falar e controlar armas diretamente com o pensamento. É mais plausível do que parece: já existe um aparelho, de US$ 300, que permite controlar games com a força da mente – basta “pensar” num movimento simples (pular, correr etc.) para que ele seja reproduzido nos games. Os militares querem fazer um capacete bem mais sofisticado, com 10 vezes mais eletrodos, que consiga captar as palavras mentalizadas pelos soldados.
“Seria uma espécie de rádio sem microfone”, explicou o neurocientista Elmar Schmeisser, líder do projeto, à revista Time. As mensagens seriam lidas em voz alta por um robô e enviadas aos demais soldados, que ouviriam tudo por meio de fones de ouvido instalados em seus capacetes. Com outra tecnologia, a estimulação magnética transcranial (TMS), é possível ir além. Estudos recentes provaram que, aplicando campos magnéticos sobre o cérebro, é possível modificar as correntes elétricas que passam dentro dele – e, com isso, induzir sensações e alterar o comportamento das pessoas (deixando-as mais espertas, egoístas ou alegres, por exemplo). Quer dizer: além de se comunicar telepaticamente e controlar armas com o pensamento, os soldados também poderiam receber ordens no cérebro – tudo graças ao supercapacete. É uma possibilidade assustadora, mas distante: segundo os americanos, a pesquisa vai levar pelo menos 10 anos. O mais provável é que, até lá, algumas invenções mais simples sejam incorporadas ao nosso dia-a-dia. Como um celular mudo, com o qual as pessoas não precisassem falar. “Você já se irritou com outras pessoas gritando ao telefone?”, pergunta Schmeisser. “E se elas pudessem se comunicar de boca fechada?” Boa idéia.