Sérgio Gwercman, diretor de redação
Eu sou do tempo em que transformação radical no corpo era fazer tatuagem no braço e colocar piercing na sobrancelha. Vi mulheres aumentando os seios com implantes de silicone e amigos puxando barras de ferro para crescer os braços. Não foram poucas as vezes que olhei para eles e me perguntei: por que fazer isso, meu Deus? Qual o sentido de tanto esforço?
Nem deu tempo de encontrar uma resposta e tudo mudou. Body building, alargadores de orelha, isso agora faz parte de um passado inocente. São bobagens diante da revolução tecnológica que está começando a acontecer – e que os jornalistas Salvador Nogueira e Bruno Garattoni e os designers Renata Steffen e Otávio Silveira nos mostram na reportagem de capa desta edição. É o retrato de uma transformação, talvez a mais radical dos nossos tempos: a reinvenção do corpo humano.
Não é difícil entender para que pode servir um olho que enxerga no escuro. Ou o que fazer com uma força sobre-humana – mudar de lugar sozinho o sofá da sala é um bom começo. As moças não precisarão mais de implantes para aumentar os seios. E com algumas alterações o cérebro pode começar a usar novas funções – já existem pessoas que desenvolveram sentidos além dos 5 que temos. Leia a reportagem e você verá: o mundo está ficando cada vez mais parecido com uma história dos X-Men.
Nada disso responde à pergunta que me intriga – qual o sentido de tanto esforço para mudar o corpo humano? Talvez não tenha sentido mesmo – é quase tudo por vaidade. Mas pelo menos desta vez eu tenho vontade de participar das transformações. Parece muito mais divertido do que passar horas suando na academia.
Um grande abraço.