Fabiano Onça
Estádios lotados, transmissão ao vivo, manobras rápidas e muito dinheiro em jogo. Assim como a indústria de jogos eletrônicos – que, segundo a consultoria PricewaterhouseCoopers, é a que mais cresce no mundo -, as disputas de jogos eletrônicos estão evoluindo tanto que já podem ganhar o status de esporte popular. Os torneios têm reunido públicos de até 30 mil pessoas e em 2005 os prêmios vão passar de 1 milhão de dólares. Grande parte do impulso vem da Coréia do Sul, onde campeões viram celebridade, estratégias são assunto de pesquisa e grandes empresas patrocinam os jogadores. “Há milhares de garotos que vivem só de jogos. Alguns chegam a ganhar mais de 100 mil dólares por ano”, diz Hank Jeong, presidente da World Cyber Games, torneio com sede em Seul.
Mas não é fácil virar profissional. Para começar, é preciso rapidez. Uma das medidas de habilidade é o número de ações – cliques de mouse ou de teclas – que um jogador faz por minuto. Alguns campeões chegam a 400 ações, o que significa apertar 6,7 botões por segundo. Além disso, a carreira é curta. “Antes dos 17 você é muito novo para pensar estrategicamente e depois dos 23 não tem mais reflexos”, diz Guillaume Patry, que já foi o melhor jogador de Starcraft do mundo e hoje, aos 22 anos, está para se aposentar. “Fui campeão muito cedo. Se fosse hoje, ganharia o dobro de dinheiro”, diz.
Os grandes campeonatos
World Cyber Games (WCG)
Jogadores*: 1,2 milhão
Prêmio*: Não divulgado (US$ 412 mil em 2004)
Plataformas: PC e consoles
Quem é: Pioneira na organização de grandes competições. Reúne os melhores jogadores do mundo nos torneios que realiza em cidades de todo o planeta
Cyberathlete Professional League (CPL)
Jogadores*: 10 mil
Prêmio*: US$ 1 milhão
Plataformas: PC
Quem é: Principal concorrente da WCG. Aposta em foco e trabalha exclusivamente com um gênero específico: jogos de tiro em primeira pessoa para PCs. Vem atraindo os melhores do ramo
Major League Gaming
Jogadores*: 14 400
Prêmio*: US$ 250 mil
Plataformas: Consoles, N-Gage
Quem é: Lançada em 2003, é a mais nova no mercado. Aposta em videogames e consoles em geral. Realiza muitos torneios ao longo do ano – em 2005 espera fazer 300, todos nos Estados Unidos
Vida no joystick
O segredo para ser campeão, por trêsgrandes jogadores
“Tem que ser bom e ter nascido para jogar. Requer sacrifícios como abandonar a família, que foi o que fiz quando me mudei para a Coréia. Todos praticam jogos por aqui. Homens, mulheres, supermodelos. Sou uma celebridade neste país”
Guillaume “Grrrr_ca” Patry, canadense, 22 anos, bicampeão mundial de Starcraft (2002 e 2003), época em que ganhava US$ 150 mil por ano
“Você precisa jogar bastante para se tornar bom. É como em qualquer esporte: pratique, divirta-se e, se ganhar muita habilidade, pode virar profissional”
Benjamin “SK|Zyz” Bohrmann, alemão, 23 anos, atual vice-campeão de Painkiller
“Gastei oito anos para ganhar a habilidade necessária, mas quem tem o dom aprende mais rápido. É preciso ver o que os melhores jogadores fazem, tentar reproduzir suas jogadas e seus padrões de raciocínio. Acima de tudo, não pode desistir”
Andrew “gellehsak” Ryder, canadense, 18 anos, campeão americano de CPMA (variante do Quake 3), acabou de migrar para Painkiller