Com um novo tipo de aço, mais resistente ao desgaste, será possível construir recipientes com capacidade muito maior de reter líquidos, gases ou mesmo calor. A criação é do engenheiro químico Nelson Furtado, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Furtado partiu da receita básica do aço inoxidável – que leva ferro, carbono, níquel e cromo – e acrescentou a ela um novo ingrediente, o ítrio. Com esse metal, usado em supercondutores, as ligações químicas ficam mais bem amarradas, aproximando as moléculas umas das outras (veja o infográfico). “Assim sobra muito menos espaço por onde substâncias ou calor possam escapar”, explica o pesquisador. A nova liga já tem aplicação garantida. Na indústria dos plásticos, grandes tubos de aço inoxidável deixam escapar pelas paredes os materiais que circulam lá dentro entre 600 e 1100 graus Celsius. Aos poucos, os vazamentos crescem, exigindo que os tubos sejam trocados a cada cinco anos. Com a criação do engenheiro do CNPq, eles vão durar um ano e meio a mais. E, o que é melhor, sem que o preço aumente.
Um jeito inovador de fazer aço
Juntando o metal ítrio à receita tradicional, a liga fica mais coesa.
O tradicional…
Acima de 1 600 graus Celsius, nenhum componente do aço está sólido. Quando a liga começa a ser resfriada, algumas moléculas vão se agregando em grãos relativamente grandes. Na foto, cada mancha é um desses grãos, dentro de uma peça de aço já solidificado.
…E o novo
O ítrio é o primeiro a se solidificar durante o resfriamento do aço. Seus átomos atraem os do ferro, cromo, carbono e níquel, que acabam se acomodando num número maior de grãos, mais próximos uns dos outros (veja na foto ao lado). A liga fica mais resistente.