Planetas dançam no crepúsculo
Dicas para se verem as belas configurações planetárias que enfeitarão o céu nos próximos trinta dias.
Augusto Damineli Neto
Uma série de belas configurações planetária enfeita o horizonte nos próximos 30 dias. Além de Vênus, que vinha ganhando altura desde o mês passado e domina o crepúsculo, vê-se o Escorpião se aproximar cada vez mais do horizonte, como se quisesse agarrar a bela deusa. Esse movimento relativo dos dois astros, com velocidade de 1,5 grau por dia, poderá ser acompanhado sem o auxílio de instrumentos. Enquanto isso, u outro par, formado por Vênus e Antares, atinge o ponto culminante no dia 27, quando a Lua, em forma de um delgado crescente, entra em conjunção, você deve procurar um lugar alto, com boa visibilidade para o poente. É também importante que o céu esteja límpido logo após o pôr-do-sol. O ponto culminante do balé ocorre no dia 28, data em que a Lua deixa de ocultar Vênus durante o dia e permanece juntinho desse planeta. A proximidade da brilhante Antares soma mais luz a esse pedacinho do céu. Vale a pena fotografar. Para isso, use filme e câmara comuns e experimente exposições de alguns segundos a um minuto. Não economize filme, faça várias tomadas de cena, procurando enquadrar elementos da paisagem, como edifícios, árvores, água, etc. Quem sabe você tem sorte de capturar também Mercúrio, o mensageiro do Olimpo, bisbilhotando essa pequena conspiração?
Júpiter amanhece com Virgem
Depois de passar boa parte do ano ancorado em Leão e sem setembro desaparecer atrás do Sol, o maior dos planetas volta a dar o ar de sua graças no início deste mês. Ele pode ser surpreendido ao raiar do dia, na constelação de Virgem, até o fim do ano. Acompanhando as estrelas à volta, Júpiter ganha altura a cada dia, foge ao clarão matutino e logo passa a dominar os fins da madrugada.
Aproveite para ver Saturno
Ainda haverá alguns meses para observar o planeta dos anéis a olho nu, mas para usar lunetas a boa época está no fim. No alto do céu, no início da noite, ele acompanha as estrelas à sua volta e vai perdendo altura. Sua luz atravessa camadas cada vez maiores da atmosfera, o que aumenta interferências e faz sua imagem perder nitidez.
Ligue os pontos e Che a eclíptica
No final do mês, você pode visualizar a trilha por onde o Sol caminha entre as estrelas – ou seja, a linha imaginária que os astrônomos batizaram de eclíptica. Basta achar Vênus ao anoitecer e projetar uma reta até Saturo no alto do céu: tal reta se aproxima da eclíptica. Nos últimos dias do mês, a Lua fornece um terceiro ponto de ligação. Ao anoitecer de 29, ela esta perto do ponto onde passa o Sol em 21 de dezembro, data do solstício de verão.
Planetas
Mercúrio: visível sobre o horizonte oeste logo após o ocaso, em especial na ultima semana de outubro e primeira de novembro (magn. -0,2).
Vênus: o astro mais brilhante depois da Lua permanece 2 horas sobre o horizonte oeste, ao pôr-do-sol (magn. -3,9).
Marte: visível em Gêmeos desde a meia-noite até o amanhecer. Em 4 de novembro faz conjunção com Polluz (magn. +0,3 a =0,2).
Júpter: volta a ser visível ao amanhecer, logo acima do horizonte leste (magn. -1,7)
Saturno: visível em Capricórnio, bem alto no céu ao anoitecer: põe-se por volta da meia-noite (magn. 0,6).
Urano, Netuno e Plutão: não são visíveis a olho nu.
Augusto Damineli Neto é doutor em Astronomia e pesquisador do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo.