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Programe-se. Vem aí a TV Interativa, que você faz

Como a TV Interativa vai revolucionar o dia-a-dia das pessoas.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h46 - Publicado em 31 out 1995, 22h00

Heitor Shimizu

Surge um novo e poderoso sistema de comunicação: a TV interativa. Com ela, o espectador se torna muito mais ativo, montando sua própria programação, do jeito que bem entende. O novo meio mistura TV, videocassete, telefone e a rede Internet em um único aparelho. Vários países estão testando a novidade. Inclusive o Brasil.

Por Heitor Shimizu

A TV interativa é a carta de alforria do telespectador. Nesse novo sistema, você vai poder ver o seu programa favorito no dia e na hora em que quiser. É a maior revolução no universo televisivo desde 1927, quando o engenheiro russo Vladimir Zworykin inventou, nos Estados Unidos, o iconoscópio, aparelho que deu origem à televisão.

Você não será mais forçado a acompanhar o telejornal às oito e a novela em seguida. A novela pode ser vista, ao gosto do freguês, às dez da manhã, e o documentário da terça, no sábado. Mais: com apenas alguns toques no controle remoto, pode-se escolher, dentro de um enorme e variado menu, o último filme do Batman, sem precisar ir à locadora de vídeo e ter que implorar por um lançamento – que sempre está alugado. Como usuário da TV interativa, é possível ainda fazer compras, jogar as últimas novidades de videogame, checar a conta bancária, fazer uma consulta médica e até votar em eleições.

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Pode parecer cena de ficção científica, mas não é. O futuro já chegou e o maior teste está acontecendo agora, na cidade americana de Orlando, na Flórida: até o final deste ano, 4000 casas estarão se ligando na FSN (sigla para Rede de Serviço Total, em inglês), a rede de TV interativa do grupo Time Warner, um dos maiores conglomerados de comunicação do mundo. A FSN oferece o video-on-demand (vídeo por encomenda – um videocassete virtual onde o usuário escolhe o filme que quer ver), canais de videogames e de compras. Funciona assim: uma central de operações armazena os programas feitos por outros produtores e “aluga” esses programas para quem quiser assistir. Como se fosse uma enorme biblioteca televisiva.

Mesmo de forma elementar, o Brasil já tem exemplos de interatividade, como o programa Você Decide, da Rede Globo. Por meio de ligações telefônicas, o telespectador escolhe entre dois finais pré-gravados. Do tipo “ele deve ou não ir para a cadeia”. Outra opção que existe por aqui é o teleshopping. O usuário vê um anúncio, pega o telefone e liga para pedir o produto. Mas a TV interativa não é só isso. Ela une telefone, computador, videogame e muitos recursos mais (até mesmo a Internet) na própria televisão, proporcionando imensa variedade de aplicações com rapidez descomunal. Uma verdadeira supervia de informações na qual os dados trafegam por fibras óticas, à velocidade da luz. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Prodigy, empresa que oferece serviços on-line e acesso à Internet, está testando conexões de usuários na região de San Diego, Califórnia. Só que usando cabos óticos de TV, em vez da tradicional linha telefônica. Com velocidade trinta vezes maior.

A TV interativa não usa somente fibras óticas. Ela chega à casa do usuário de diversas outras formas: através de pequenas parabólicas, por anteninhas planas pouco maiores que um CD e até por cabos normais de cobre.

Se o espectador vai abandonar sua atual atitude passiva e aderir à interatividade, fazendo sua própria programação, é um mistério.

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O pesquisador do MIT (sigla para Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em inglês), Nicholas Negroponte, em entrevista à SUPER, via Internet, disse que isso pouco importa, pois o espectador “pode querer simplesmente sentar e relaxar ou, então, agir ativamente. Mas o fundamental é que agora ele pode escolher. Uma opção que não existia na velha TV”.

A Time-Warner sonha com a idéia de interatividade na televisão há quase vinte anos. Em 1977, uma empresa do grupo, a Warner Cable, começou a testar um sistema interativo em Ohio, Estados Unidos, que não deu certo.

No começo desta década, o conglomerado de comunicações implantou a rede de TV interativa que iria se chamar FSN. Ela estreou no final do ano passado, quando Gerald Levin, chefão do grupo, apertou alguns botões de um controle remoto, na sala de demonstrações da nova empresa, em Orlando. Na tela da TV apareceu um menu: uma lista de opções à disposição de Levin. Em poucos minutos, ele selecionou alguns programas, escolheu dois filmes, avançando e congelando cenas, mudou de canal, aproveitou para comprar algumas roupas numa loja e jogou uma partida de videogame com a família Willard, também ligada à FSN, residente a alguns bairros de distância, na mesma cidade de Orlando.

Para chegar a esse momento, foram necessários seis anos de pesquisa e 5 bilhões de dólares, divididos por empresas como Silicon Graphics (que entrou com os computadores e chips), AT&T (que construiu o equipamento de transmissão) e Scientific-Atlanta (que fez o set-top box, aparelho que recebe os sinais na FSN). O segredo do sistema está no processo de digitalização das informações. Cada programa é digitalizado e transformado numa série de números zero e um, como dados de computador. Depois, são divididos em pacotes de 48 bytes cada. Um filme, por exemplo, é segmentado em cerca de 30 milhões de pacotes. A tecnologia para fazer isso é chamada ATM (sigla para Modo de Transferência Assíncrono, em inglês). Com ela, pode-se transmitir, ao mesmo tempo, voz, texto, sinais de vídeo e outros dados). Os programas são armazenados em computadores de grande porte na estação central da FSN e daí transmitidos à casa do usuário, digitalmente, por meio de redes de fibras óticas. Na TV a cabo normal, a informação trafega num fluxo contínuo; na FSN (como na Internet), por ser fragmentada, ela pode fazer vários caminhos alternativos, o que aumenta a velocidade de sua transmissão.

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Desde agosto deste ano, a TVA, empresa de TV por assinatura do Grupo Abril, também está experimentando o LMDS. Segundo Antônio Alberto Teixeira Filho, diretor da empresa, os testes vêm sendo feitos nas cidades de Porto Alegre, Campinas e Goiânia. O sistema foi desenvolvido pela firma canadense TRL Microwave. Usa uma miniantena de menos de 20 centímetros para recepção. Em 1996, a TVA vai definir a melhor aplicação para o sistema: ser apenas uma alternativa para regiões onde ainda não exista televisão por assinatura ou permitir também interatividade.

A nova tecnologia da TV interativa está sendo desenvolvida em vários países. Por exemplo, em Cingapura, país do sudeste asiático com redes de fibra ótica por todo lugar. Ali, testa-se o que os especialistas classificam como o serviço de maior impacto da TV interativa: o vídeo por encomenda. Os filmes são a razão de ser das locadoras e o filé mignon das TVs por assinatura. O vídeo por encomenda permite ao usuário assistir ao filme que quiser, com os mesmos recursos de um videocassete. Para o americano Nicholas Negroponte, um dos gurus do ciberespaço (o meio digital e invisível por onde trafega a informação, como a Internet), as locadoras de vídeo “sairão de cena em menos de dez anos”.

Mas a TV interativa não é só filmes. Notícias por encomenda é outro serviço promissor. Através dele, o espectador vai poder não só ver o jornal quando quiser, mas montar seu próprio jornal. Que tal um apenas com esportes? Nos Estados Unidos, o grupo Time-Warner pretende levar a FSN, em três anos, a 85% de todas as casas assinantes do sistema de cabo tradicional da sua empresa Warner Cable, a segunda maior do país. Terá como serviços os já citados e ainda: educação interativa, telefonia, acesso a bibliotecas, vídeo conferência, música por encomenda… Tudo sem precisar sair da sala de casa. E à hora em que o usuário quiser.

Para saber mais:

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A revolução das pizzas

(SUPER número 3, ano 9)

A pizza sai do forno

(SUPER número 8, ano 10)

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Muito menor que uma pizza

Se você se admirou na edição de março da SUPER com as anteninhas do tamanho de uma pizza, capazes de receber centenas de canais, prepare-se: vem aí uma antena ainda menor. Um novo sistema de TV por assinatura está sendo implantado pela empresa americana CellularVision em Nova York, usando, para recepção, antenas planas de quinze centímetros de altura e de largura. A transmissão do sistema é parecida com o da telefonia celular: várias séries de repetidores (ou células) espalhadas pela cidade, a mais ou menos cinco quilômetros uns dos outros. O sinal vai de célula em célula desde a emissora à casa do usuário. Esse sistema é conhecido como LMDS (sigla em inglês para sistema de distribuição local por múltiplos pontos) e opera numa faixa de freqüência muito alta (28 gigahertz – milhões de vezes mais alta do que a faixa de rádio AM).

A alta faixa permite a transmissão de grande quantidade de dados (comos de um vídeo) e, o que é fundamental, faz com que o sistema possa ser bidirecional (a informação pode ir e voltar). Eis aí a TV interativa.

O sistema LMDS já chegou ao Brasil. A empresa AG Telecom, do grupo Andrade Gutierrez, comprou da CellularVision os direitos de exploração do sistema para o país. E está fazendo testes no bairro do Tatuapé, em São Paulo. Segundo Otávio Azevedo, presidente da empresa, o sistema de transmissão por microondas oferece a mesma capacidade de serviços que a fibra ótica, em termos de velocidade e praticidade. Para o Brasil, que praticamente não tem instaladas redes de fibra ótica, esse sistema é uma excelente alternativa de transmissão de TV por assinatura comum ou interativa.

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