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Robôs sexuais podem ser ruins para a sociedade

Pesquisa é a primeira a questionar se, em um futuro não tão distante, os robôs sexuais trarão mais benefícios do que malefícios para os seres humanos

Por Marina Demartini, de Exame.com
Atualizado em 11 mar 2024, 15h51 - Publicado em 7 jul 2017, 16h28

Pela primeira vez, uma instituição decidiu analisar como seria um futuro em que robôs sexuais fizessem parte do nosso cotidiano. Apesar de positivos em alguns casos, os resultados se mostraram preocupantes em outras situações.

O estudo, realizado pela Fundação para Robótica Responsável (FRR) e publicado nesta semana, revelou que o uso desse tipo de androide poderia iniciar uma revolução sexual: eles poderiam ajudar pessoas que têm dificuldade em ter relações íntimas – especialmente idosos e deficientes físicos.

“Estamos falando de indivíduos que não são apenas deficientes, mas que foram traumatizados. De certa forma, isso (os robôs) poderia ser um instrumento benéfico para ajudá-los no processo de cura (sexual)”, disse Aimee van Wynsberghe, codiretor da FRR, durante a apresentação da pesquisa em Londres, segundo o jornal The Guardian.

Contudo, os pesquisadores também apontam que os androides sexuais podem trazer malefícios para a sociedade, como a objetivação de mulheres. Segundo o estudo, apesar de existirem modelos femininos e masculinos, há queixas de que as versões femininas de robôs são baseadas em representações obtidas por pornografia. Falando nisso: Vídeo raro mostra escravas sexuais coreanas da 2ª Guerra

Outra preocupação revelada pelos autores está relacionada com a percepção de consentimento. De acordo com eles, há um modelo à venda no mercado, chamado de “RoxxxyGold”, que possui uma função que o deixa “reservado e tímido” e “se você tocar as suas (do androide) partes íntimas, o mais provável é que ela não goste dos seus avanços”.

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“Algumas pessoas podem até dizer que é melhor que estuprem robôs do que pessoas reais – é um dos argumentos. Mas outras pessoas estão dizendo que isso vai encorajar ainda mais os estupradores”, explicou Noel Sharkey, um dos autores da pesquisa e professor inteligência artificial e robótica na Universidade de Sheffield, na Inglaterra, ao The Guardian.

Um dos maiores temores dos cientistas, no entanto, está no uso de robôs em formato de criança. Pode parecer algo impossível de se pensar, porém já existe uma empresa japonesa que produz robôs sexuais infantis. Ela foi criada por um pedófilo autoconfesso, que afirma que tais androides impedem que ele abuse de crianças reais.

Existe até um julgamento sobre a proibição ou não de robôs sexuais infatis em um tribunal do Canadá. Em 2016, um homem do estado de Newfoundland ordenou um androide sexual, que foi interceptado em um aeroporto canadense. Ele foi acusado de possuir pornografia infantil, mas se declarou inocente e está esperando a sua sentença, segundo a BBC.

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Para Sharkey, a ideia de que robôs podem ajudar os seres humanos a superar fantasias de sexo infantil ou estupro são absurdas e esse tipo de androide deveria ser banido. Segundo ele, é mais provável que essa tecnologia encoraje a pedofilia, tornando aceitável abusar de crianças.

Os autores ainda citaram o relatório de Patrick Lin, diretor do grupo de ética e ciências emergentes, na Universidade Estadual Politécnica da Califórnia para provar seu ponto: “tratar pedófilos com robôs sexuais infantis é uma ideia duvidosa e repulsiva. Imagine tratar o racismo, deixando uma pessoa abusar de um robô negro. Isso funcionaria? Provavelmente não.”

Em entrevista a BBC, Kathleen Richardson, professora de ética robótica da Universidade De Montfort, na Inglaterra, concordou com os autores do relatório de que os robôs sexuais infantis deveriam ser banidos. Entretanto, para ela, todas as bonecas sexuais deveriam ser retiradas do mercado.

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“O problema real aqui não são as bonecas, mas o comércio sexual. Os robôs sexuais são apenas outro tipo de pornografia”, disse. Além disso, Richardson acredita que tais androides inevitavelmente aumentariam o isolamento social.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Exame.com

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