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Rodas do sol na Bahia revelam antiga astronomia

As revelações da antiga astronomia.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h34 - Publicado em 31 jul 1991, 22h00

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

O movimento do Sol e da Lua impressiona o homem moderno apenas quando gera fenômenos espetaculares – como o eclipse solar do mês passado, um dos mais longos do século. Para o homem primitivo, porém, o vaivém dos astros tinha um significado muito prático, pois seria para contar o tempo o tempo. Em retrospectiva, é admirável verificar que há nada menos de 30 000 anos diversas tribos pré-históricas já possuíam calendários lunares. Possível evidência disso foi encontrada na localidade de Central, a 350 quilômetros de Salvador, na Bahia, onde a arqueóloga carioca Maria Beltrão desencavou vestígios de uma cultura extremamente antiga.

Entre os curiosos desenhos achados em pedras da região estão os círculos cobertos de raios, cuja função parece ter sido a de um primitivo calendário, elaborado há muitos milhares de anos. A descoberta é ainda mais impressionante porque, se for mesmo um calendário, o círculo contém erros compreensíveis – sinal das dificuldades encontradas por esses pioneiros da Astronomia. Não é fácil observar com precisão as fases da Lua – cheia, minguante, nova e crescente – e anotar quantos dias decorrem durante o ciclo completo. Hoje se sabe que esse período dura 29 dias, e é possível que esse número tenho algo a ver com os “círculos raiados” de Central, como são chamados.

Os raios realmente contêm marcas indicativas de que seu autor tentou contar os dias de um ciclo lunar. Essas marcas, porém, estão divididas em dois grupos. Um deles, mais próximo da periferia do círculo, contém 30 ou 31 marcas, que são números próximos de 29. O outro grupo, próximo do centro, apresenta 12 ou 13 marcas e poderiam representar um meio período lunar – isso seria natural, pois a fase de nova gera um intervalo de escuridão entre as fases reluzentes. É bastante difícil, na verdade, determinar o dia exato da Lua nova, já que antes e depois disso há uma pequena franja brilhante, mas tão pequena que é quase invisível. É, é bom ter cautela, pois o calendário talvez seja mais complicado do que parece. Seja como for, é razoável pensar que a antiga cultura de Central adotava um mês de 27 a 33 dias.

Existem medidas semelhantes analisadas em diversas partes do mundo. O pioneiro nesse tipo de pesquisa foi o arqueólogo americano Alexander Marshack, que analisou vestígios de uma cultura estabelecida na França há cerca também de 30 000 anos. Esse povo esculpia pequenas figuras num osso e assim registrava as mudanças diárias no aspecto da Lua. Em um engenhoso calendário desse tipo, datado de uma época entre 12 000 e 18 000 anos atrás, Marshack reconheceu figuras lunares anotadas durante nada menos que sete meses e meio. Os sinais esboçam a Lua no momento do ocaso e cada ciclo começa com o desenho do quarto crescente, explica o cientista. “As seqüências constituem observações quase perfeitas da Lua.”

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Outro exemplo de calendário primitivo encontra-se no sítio de Newgrange, Brennan, do Instituto Pratt, Estados Unidos. O calendário irlandês consiste em marcas feitas nos raios de um círculo esculpido em pedra e parece denotar um mês de 31 dias. Mas, se essas marcas representam o mês, o que significa o grupo de 12 ou 13 marcas também observado nos círculos raiados de Central?

Uma boa hipótese é que representam o número de meses do ano. Imagina-se, de fato, que os círculos raiados representam o Sol. Em Central, eles até parecem descrever o trajeto desse astro no céu.
Melhor dizendo, a pedra em que estão desenhados tem uma orientação equinocial ou solsticial. Essa interpretação confere grande riqueza simbólica aos calendários> sua forma representaria o dia, e as marcas lunares, gravadas sobre eles, seriam um meio prático de avaliar o número de dias do ano – que é o ciclo do Sol. De fato, o ciclo lunar é mais longo que o dia e mais curto que o ano. Nada mais lógico do que agrupar os dias em meses e registrar os meses até completar o ano. Dessa maneira, os ciclos naturais do tempo – o dia, o mês e o ano – acabariam organizados num único e antigo símbolo, o círculo raiado.

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é astrônomo e membro da União Astronômica Internacional

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Eventos do Mês

Constelações

Estarão visíveis às 20 horas do dia 15 de agosto as seguintes constelações> Lira, Dragão, Hércules, Boieiro, Coroa Boreal, Serpente, Ofiúco, Virgem, Corvo, Hidra Fêmea, Centauro, Lobo, Escorpião, Sagitário, Coroa Austral, Telescópio, Altar, Triângulo Austral, Ave do Paraíso, Mosca, Cruzeiro do Sul, Hidra Macho, Oitante, Tucano, Pavão, Fênix, Grou, Peixe austral, Capricórnio, Aquário, Águia, Flecha e Cisne. As outras constelações do mapa pertencem a regiões do céu não visíveis nesta época do ano.

Meteoros

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No dia 1º ocorre a máxima atividade dos Alfa Capricornídeos, que se dispersam a partir de um ponto na direção da estrela Alfa de Capricórnio. Diz-se, por isso, que têm radiante nessa estrela. Eles aparecem à taxa de oito meteoros por hora e estarão junto ao zênite por volta da meia-noite. No dia 6 é a vez dos Iota Aquarídeos, com freqüência de quinze meteoros por hora e passagem pelo zênite às 2 horas da madrugada. Extraordinário é o máximo de enxame Persêidas, no dia 12, à taxa de nada menos que setenta meteoros por hora. Visíveis junto ao meridiano às 4 horas, ao note, são tão numerosos que convém observá-los até o dia 20.

Fases da Lua

Quarto minguante, dia 3, 8h25; nova, dia 9, 23h28; quarto crescente, dia 17, 2h01; cheia, dia 25, 6h07, Luz cinzenta, entre os dias 10 e 12.

Planetas

Mercúrio: visível no fim do mês, ao amanhecer, antes de o Sol erguer-se, com magnitude + 1,7 (contra -1 da estrela mais brilhante, Sirius; quanto maior a magnitude, menor o brilho). No dia 7 de setembro, atinge máxima distância do Sol.

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Vênus: reaparece como astro matutino no fim do mês, antes de o Sol nascer (magnitude -3,4). No dia 23, chega ao ponto mais próximo da Terra, 43 milhões de quilômetros.

Marte: visível junto a Leão após o ocaso (magnitude +2).

Júpiter: praticamente invisível devido à conjunção com o Sol, no dia 17.

Saturno: visível por toda a noite junto a Capricórnio. É a grande atração do mês por seu brilho: apesar da enorme distância alcança agora magnitude +0,4.

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Urano: visível com luneta, a noite toda, junto a Sagitário (magnitude +6).

Netuno: visível com luneta quase toda a noite, em sagitário (magnitude +7,7).

Boa referência para procurar os planetas, a Lua estará ao norte de Júpiter (dia 10), Marte (12), Urano (20) e Netuno (21); estará ao sul de Vênus (11), Mercúrio (11) e Saturno (22).

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