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Superolho brasileiro para ver o Cosmo

Começa a funcionar o telescópio que o Brasil está ajudando a construir no Havaí para investigar os enigmas do Universo.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h34 - Publicado em 31 mar 1999, 22h00

João Steiner

A partir deste ano, os brasileiros começam a participar do esforço para entender o Cosmo com a ajuda de dois instrumentos excepcionais. Trata-se dos dois telescópios do projeto Gemini, situados no Chile e no Havaí, dois lugares onde o céu é especialmente limpo e adequado para as observações. Em março, ficou pronto o primeiro aparelho da dupla, o que fica no Havai, a 4 200 metros de altitude, no topo do Monte Mauna Kea. Ele vai explorar o céu do hemisfério norte. O telescópio chileno, que vai ficar pronto daqui a um ano, no Cerro Pachón, nos Andes, 2 700 metros acima do nível do mar, voltará suas lentes para o hemisfério sul.

Três novidades colocam os Gemini na fronteira da Astronomia atual. A primeira é o tamanho. Cada um deles medirá 8 metros de diâmetro, enquanto o telescópio de Monte Palomar não passa de 5 metros e o telescópio espacial Hubble só chega a 2,4 metros. A segunda inovação é que os Gemini têm lentes móveis e, ao mudar de posição, podem corrigir distorções das imagens criadas por turbulências da atmosfera. Por fim, além de captar luz visível, os novos instrumentos também serão capazes de fotografar o calor emitido pelas estrelas e pelas galáxias na forma de raios infravermelhos.

Combinando essas três características, os Gemini têm tudo para provocar uma revolução no conhecimento astronômico. Eles vão nos mostrar, com nitidez incomparável, objetos que se encontram nos limites do Universo. Entre outras coisas, será possível observar galáxias recém-nascidas, tão distantes que sua luz demorou 10 bilhões de anos para chegar até nós. Significa que, quando essa luminosidade iniciou sua viagem, o Cosmo era muito jovem. O Big Bang – a explosão que lhe deu origem – tinha acontecido somente uns 3 bilhões de anos antes.

Em regiões menos longínqüas também encontramos questões fundamentais que estão sem resposta definitiva. Uma delas é formação das estrelas e dos planetas. Esses objetos, ao nascer, emitem a maior parte da sua energia sob forma de calor – daí a dificuldade de estudá-los com telescópios comuns, que captam apenas a luz visível. O Gemini poderão superar esse obstáculo com sua extraordinária visão de raios infravermelhos.

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Nesse campo, a interrogação urgente é: quantos planetas existem na nossa Galáxia? Meio trilhão, talvez? Na verdade não temos a menor pista sobre essa estatística, que é decisiva para conhecermos os processos de formação dos planetas. Também é importante detectar o maior número possível deles, girando ao redor de outras estrelas.

Com o início do trabalho no primeiro Gemini, agora em março, os brasileiros vão ter acesso garantido a essa nova visão panorâmica. Nela, a Astronomia esperar descortinar detalhes jamais vistos do Universo.

Professor de Astrofísica do Instituto Astronômico e Geofísico da USP

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