Lobos pré-históricos de "Game of Thrones" foram mesmo trazidos de volta? 

A startup americana Colossal Biosciences anunciou que “ressuscitou” os lobos-terríveis, espécie extinta há 10 mil anos e que ficou famosa pelos lobos-gigantes de “Game of Thrones”.

Segundo a empresa, seria a primeira espécie ‘desextinta’ na história. A novidade é bastante relevante, mas a alegação disfarça uma jogada de marketing.

A equipe da Colossal extraiu o DNA de lobos-terríveis de dois fósseis, um com 13 mil anos e outro com 72 mil anos. Depois, sequenciou as amostras e comparou o material genético do lobo extinto com o dos lobos-cinzentos modernos, que ainda habitam a Terra. Segundo os cientistas, os genomas são 99,5% iguais.

O próximo passo foi fazer 20 edições no DNA do lobo-cinzento, envolvendo 14 genes, para expressar características dos lobos-terríveis.

Os genes da espécie extinta não foram inseridos – apenas os genes dos lobos-cinzentos foram modificados para ficar igual ao dos observados nos fósseis.

Depois, o material foi transferido para óvulos vazios, que foram implantados em barrigas de aluguel em cachorras fêmeas.

Três filhotes saudáveis nasceram – Rômulo, Remo e Khaleesi. Eles contêm características de lobo-terríveis, como um tamanho 20% maior e pelos brancos, por exemplo.

A questão central: são só essas 20 mudanças em 14 genes que separam as duas espécies? Se sim, até daria para falar que o trio de filhotes são lobos-terríveis, ou pelo menos algo próximo. Mas isso só seria possível de afirmar comparando o sequenciamento completo dos dois DNAs, algo que só a Colossal, por enquanto, tem acesso.

É muito provável, porém, que haja muitas outras distinções genéticas entre as espécies. Ou seja, 20 edições não seriam o suficiente para “transformar” os lobos-cinzentos em lobos-terríveis.  

Por ora,  o mais correto seria afirmar que estes animais são lobos-cinzentos geneticamente modificados para terem algumas características de lobos-terríveis.