Nasa criou um açúcar sem calorias – que nunca foi ao mercado

Nos anos 1960, a Nasa precisava de açúcares especiais para a missão Viking 1, que buscaria sinais de vida em Marte.

Um engenheiro criou moléculas de açúcar em duas versões: de “mão direita” (naturais) e de “mão esquerda” (sintéticas).

Para entender como, precisamos explicar um conceito de química. Moléculas como as de açúcar podem ter duas configurações diferentes, sendo uma a versão espelhada da outra. 

Imagine que uma molécula é como sua mão direita, e a outra é como esquerda. Apesar de terem a mesma fórmula, elas não podem ser sobrepostas uma sobre a outra. (Se você tentar colocar a sua mão direita sobre a esquerda, com as costas viradas para cima, verá que os dedões ficam sobrando). 

Na Terra, só existem açúcares de mão direita. Nosso corpo evoluiu para metabolizar apenas esse tipo, chamado de açúcar-D.

Mas e se a vida em Marte utilizasse o açúcar oposto, o açúcar-L? Para não perder sinais, a Nasa levou os dois tipos.

Assim surgiu o açúcar-L: idêntico no sabor ao açúcar comum, mas impossível de ser metabolizado pelo corpo humano.

Em testes de consumo, ninguém percebeu diferença entre os dois. Era um adoçante sem calorias, com gosto real de açúcar.

O problema? A fabricação era caríssima. Produzir glicose-L, frutose-L e gulose-L nunca foi viável comercialmente.

A pesquisa levou à descoberta da tagatose-D, um açúcar natural raro, 92% tão doce quanto o comum e com 38% das calorias.

Patenteado em 1988, o adoçante é aprovado nos EUA, mas não no Brasil. Pode ser o futuro do açúcar de baixa caloria.