O plano de Trump para cortar US$ 4 bilhões da ciência americana

Uma juíza federal de Massachusetts bloqueou, nesta terça-feira (11), o plano do governo Trump de cortar parte do financiamento público para pesquisas na área de saúde.

A medida, que visa economizar US$ 4 bilhões aos cofres dos Estados Unidos, foi criticada por universidades americanas, que alegam que os cortes podem prejudicar os avanços da medicina.

A decisão da Justiça veio após 22 estados e vários centros de pesquisa entrarem com um pedido para bloquear a medida. O bloqueio é apenas temporário.

No centro dessa polêmica está o NIH, sigla para National Institutes of Health (Institutos Nacionais de Saúde, em tradução literal).

O órgão, formado pela união de 32 organizações de diferente, é a principal agência do governo federal americano para os estudos científicos na área de saúde, biomedicina e saúde pública.

Além de ter seus próprios projetos científicos, o instituto é um importante financiador de estudos, oferecendo bolsas e financiamento para pesquisas nas áreas de saúde.

O plano de cortes do governo Trump mira justamente no dinheiro que o NIH distribui para centros de pesquisas americanos. O governo quer limitar os chamados “custos adicionais”.

Sempre que um projeto de pesquisa específico ganha aprovação para receber financiamento público, o governo também paga uma quantia “extra” para a universidade por trás da investigação.

Essa grana não tem relação com o estudo em si, mas vai para cobrir custos adicionais da instituição: com processos administrativos, papelada, infraestrutura, manutenção, limpeza etc.

Por lei, a agência federal precisa pagar pelo menos 10% a mais para essa finalidade, mas a porcentagem exata é negociada por cada universidade diretamente com o governo.

Com a nova política do NIH, o pagamento desses “custos adicionais” continuaria acontecendo, mas não poderia exceder 15% do valor do financiamento da pesquisa ao qual está atrelado.

O governo argumenta que algumas instituições precisavam de quantias exorbitantes para esse fim, como 50% ou 60% da bolsa para a pesquisa em si. (A média, porém, é em torno de 30%.)

Universidades e institutos de pesquisa por todo o país foram rápidos em reagir à medida, alegando que os cortes vão prejudicar pesquisas em andamento e atrasar ou cancelar outros projetos.

Imediatamente, 22 estados democratas entraram na Justiça para bloquear o plano. Um segundo processo foi movido por universidades e hospitais.

A juíza Angel Kelley concordou com eles, por ora. A medida foi bloqueada temporariamente, até que uma nova audiência seja feita, prevista para o fim de fevereiro.