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A rainha do rádio

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h54 - Publicado em 30 set 1998, 22h00

Cássio Leite Vieira

Há um século, uma jovem pesquisadora polonesa surpreendia a ciência com a descoberta da radiatividade. Marie Curie é, até hoje, a única mulher no seleto grupo de cientistas que ganharam dois prêmios Nobel.

Parece um conto de fadas. Maria Sklodowska – depois, Marie Curie – era uma menina pobre, de inteligência extraordinária, filha de um professor polonês de Física e Matemática. O pai foi infeliz nos negócios e levou a família à ruína. Marie e sua irmã, Bronia, foram obrigadas a trabalhar para viver, mas nunca desistiram do projeto de cursar uma faculdade. Só que não havia vagas para mulheres em cursos superiores de ciência na Polônia. Maria empregou-se como governanta, em Varsóvia, para sustentar os estudos de Medicina de Bronia em Paris. Depois, trocaram. A irmã, trabalhando na Polônia, sustentou o curso de Física de Maria na Sorbonne. Em Paris, vivia no limite da miséria. Passava a pão, manteiga e chá. Formou-se, em 1893, aos 26 anos, em primeiro lugar. Um ano depois formou-se também em Matemática, em segundo lugar na turma. Conheceu, então, Pierre Curie, um professor de 35 anos, de quem herdaria o nome. Casaram-se e foram trabalhar juntos no laboratório dele. A sorte lhe sorria.

Em 1896, pesquisando para o doutorado, interessou-se por um novo fenômeno, a emissão de raios pelos sais de urânio, descoberta naquele ano pelo físico Antoine Becquerel (1852-1908). Marie aprofundou as pesquisas e descobriu que a radiatividade, como ela mesma batizou, era uma propriedade dos átomos. Ou seja: compostos diferentes de urânio emitem a mesma quantidade de raios se tiverem a mesma quantidade do elemento radiativo. Sua maior descoberta veio em 1898, quando apresentou ao mundo dois novos elementos radiativos: o rádio e o polônio. Em 1903, tornou-se a primeira mulher na França a obter o título de doutor. No mesmo ano, ganhou o Prêmio Nobel de Física junto com o marido, Pierre, e Becquerel, pelos trabalhos sobre a radiatividade.

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Em 1906, Pierre morreu tragicamente, atropelado por uma carruagem. Marie dedicou-se como nunca à ciência e às duas filhas – uma delas, Irène, ganharia o Nobel de Química em 1935. Em 1911, depois de se tornar a primeira mulher a lecionar na Sorbonne, Marie Curie ganhou o segundo Nobel, agora em Química, pela descoberta dos novos elementos. Tornou-se mundialmente famosa. “Ela foi a única pessoa a quem a glória não corrompeu”, disse Einstein.

Na época em que Marie pesquisava, os efeitos cancerígenos da radiatividade eram desconhecidos. Ela manipulava, sem proteção, até 20 quilos de compostos radiativos. E dormia com sais de rádio ao lado da cama, para vê-los brilhar no escuro. Em 1934, com 67 anos, morreu de leucemia, causada provavelmente pela contaminação. Até hoje, seus diários de pesquisa não podem ser manipulados por causa do seu alto grau de radiatividade.

Ficha técnica

Nome

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Maria Sklodowska (depois, Marie Curie)

Nascimento

7 de novembro de 1867, em Varsóvia, Polônia (então Império Russo)

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Morte

4 de julho de 1934, em Sallanches (França)

Formação

Física e Matemática pela Universidade de Paris, a Sorbonne

Ocupação

Física experimental

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Destaque

Mostrou que a radiatividade era um fenômeno atômico. Descobriu os elementos químicos rádio e polônio

Eureka! Eureka! Eureka!

Muito além dos raios do urânio

Em fevereiro de 1898, estudando o urânio, Marie Curie investigava se o cobre e o ouro também tinham a mesma propriedade de emitir “raios”. Após testar, sem sucesso, treze elementos num equipamento improvisado com engradados de mercearia e chapas de metal, resolveu, um dia, usar a uraninita, um mineral composto de urânio. Naquele 17 de fevereiro, ela constatou, surpresa, que quantidades mínimas de uraninita emitiam muito mais “raios” que o urânio puro. Conclusão: a radiatividade – como ela passou a chamar – não era propriedade exclusiva do urânio. Deveria haver outros elementos com a mesma capacidade. A partir daquele dia, trabalhou exaustivamente, durante meses – e sem nenhuma proteção contra a radiação –, no laboratório precário e frio construído no porão da escola onde o marido lecionava. No final daquele ano, veio a recompensa por tanto trabalho. Marie apresentou ao mundo dois novos elementos radiativos: o polônio, batizado em homenagem à sua terra natal, e o rádio.

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“Um cientista em seu laboratório não é somente um técnico: é também uma criança colocada diante de fenômenos naturais que a impressionam como um conto de fadas.”

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