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Naufrágio encontrado na costa do Quênia pode ser de última viagem de Vasco da Gama

Há exatamente 500 anos, o galeão português São Jorge naufragou na costa do Quênia durante a terceira (e última) expedição do explorador.

Por Bela Lobato
Atualizado em 27 nov 2024, 23h46 - Publicado em 27 nov 2024, 10h00

Um navio naufragado na costa do Quênia pode ter sido parte da última expedição de Vasco da Gama, explorador português que liderou a colonização lusitana na Ásia e na África. Os restos da embarcação, que foram descobertos perto da cidade queniana de Malinde em 2013.

Existem registros de oito naufrágios portugueses naquela região. A partir da análise dos artefatos encontrados no interior do navio, os pesquisadores acreditam que o navio estava indo em direção à Índia nos primeiros 25 anos do século XVI. É por isso que a suspeita é de que a embarcação se trate de um galeão português chamado São Jorge, que afundou em 1524. 

Ainda não há certeza sobre a identificação – caso a teoria se comprove, esse seria o mais antigo naufrágio europeu a ser encontrado no Oceano Índico. O novo estudo sugere que esse foi um dos dois primeiros navios portugueses que afundaram perto de Malinde; o outro foi o Nossa Senhora da Graça, que afundou em 1544.

No fim do século XV, Vasco da Gama foi o pioneiro na rota da Europa para o Oceano Índico, e foi o primeiro navegador a contornar o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África. Ele repetiu o feito mais duas vezes, mas morreu na Índia, provavelmente de malária, em 1524.

O São Jorge era parte de uma frota de 20 embarcações da terceira expedição de Vasco da Gama para o Oceano Índico, e afundou um pouco antes da morte do navegador, no mesmo ano.

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Se o naufrágio perto de Malindi puder ser confirmado como o São Jorge, ele terá “um valor histórico e simbólico significativo como testemunho físico da presença da terceira armada de Vasco da Gama nas águas do Quênia”, os pesquisadores disseram em um comunicado.

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Além disso, o navio também deve ser estudado para fornecer informações preciosas sobre as tecnologias de navegação portuguesas daquela época. 

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“Essas viagens prepararam o terreno para uma nova era de navegação em mar aberto.”, escreveram os autores no artigo, que foi publicado na revista Journal of Maritime Archaeology. “Sabemos que os navios que navegavam de Portugal para a Índia evoluíram ao longo do século XVI, mas não há textos técnicos até o final desse século, e tanto a arqueologia quanto a iconografia são escassas e nem sempre confiáveis.”

A partir de 1518, Portugal começou a construir navios projetados para a guerra. Foi com esse fim e com inspirações em outras embarcações mediterrâneas que surgiu um novo tipo de navio, chamado de galeão. Eles eram navios à vela com três ou quatro mastros, com uma artilharia que alcançava 360º de seu entorno e permitia uma defesa eficaz contra ataques. 

O naufrágio está a aproximadamente 500 metros da costa, a uma profundidade de cerca de 6 metros. Um pedaço dele pode ser visto em meio aos corais no fundo do mar, mas foi preciso construir duas trincheiras arqueológicas para desenterrar partes do casco e da estrutura do navio.

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Em entrevista ao Live Science, Filipe Castro, principal pesquisador do estudo, afirmou que as autoridades quenianas têm interesse no naufrágio, que poderia ser transformado em um museu subaquático.

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