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Histórias esquecidas sobre os assuntos mais quentes do dia a dia. Por Felipe van Deursen, autor do livro "3 Mil Anos de Guerra"
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A triste geração que virou escrava de si mesma e repete os erros do passado

  “Os jovens estão prontos a desejar e realizar o que eles desejam. Os desejos corporais obedecem às ordens de prazer sensual, que eles são incapazes de controlar. Mas esses desejos são mutáveis, e logo eles se cansam. O que desejam, o desejam com extremo ardor, porém logo se desinteressam como a fome e a […]

Por Felipe van Deursen
Atualizado em 21 dez 2016, 08h49 - Publicado em 31 ago 2016, 19h55
"Os jovens só pensam em si". Foto: wundervisuals | iStock
“Os jovens só pensam em si”. Foto: wundervisuals | iStock

 

“Os jovens estão prontos a desejar e realizar o que eles desejam. Os desejos corporais obedecem às ordens de prazer sensual, que eles são incapazes de controlar. Mas esses desejos são mutáveis, e logo eles se cansam. O que desejam, o desejam com extremo ardor, porém logo se desinteressam como a fome e a sede do doente.

Eles são apaixonados, de temperamento quente, levados por impulso, incapazes de controlar sua paixão. Mas, devido à sua ambição, não podem suportar ser menosprezados. Ficam indignados quando pensam que estão sendo injustiçados.

Eles são ambiciosos por honra, mas mais ainda por vitória. Essa juventude deseja superioridade, e vitória é uma espécie de superioridade. Seu desejo por ambos é maior do que o seu desejo por dinheiro.

Eles não são mal-humorados, mas têm índole simples, porque ainda não testemunharam muita depravação. Confiam, pois ainda não foram muitas vezes enganados. São cheios de esperança, pois a esperança está ligada ao futuro assim como a memória está ao passado. Agem de sangue quente como aqueles que estão embriagados com vinho. Além disso, ainda não experimentaram muitas falhas.

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“Os jovens de hoje só querem se dar bem.”

 

Para esses jovens, o futuro é longo e o passado é curto. Na manhã da vida, não é possível, para eles, lembrar de nada. Mas eles têm a esperança, o que os torna fácil de enganar. E eles são mais corajosos, pois estão cheios de paixão e esperança – a primeira os impede de temer, enquanto a última os inspira com confiança, pois ninguém teme quando tem paixão no que faz, e a esperança de obter alguma vantagem inspira confiança.

Eles são ricos de espírito, pois ainda não foram humilhados pela vida nem experimentaram a força da necessidade. Além disso, têm altivez, pois se julgam dignos de grandes coisas, um sentimento que pertence a alguém que está cheio de esperança.”

Ambiciosos, mas sem ligar muito para dinheiro. Querem muito algo, mas logo depois não querem mais tanto assim. Valorizam o passado, mas preferem o futuro. Soa familiar? Só que esses “millennials”, pobres coitados, não tiveram nem um seculozinho para atravessar e quebrar as metafóricas e numéricas barreiras do tempo (e, com isso, virar alvo de tão acalorados debates e análises). Imagine só, então, um luxo como pular de um milênio para outro. 

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Pelo visto, isso não é necessário. E nunca foi. Que o diga o autor das linhas acima, que viveu entre 384 e 322 a.C. e atendia pelo nome de Aristóteles.

 

*
O texto na íntegra está em Retórica e é uma das obras analisadas em The Conflict of Generations in Ancient Greece and Rome, editado por Stephen Bertmen.

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