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Oráculo

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Se uma plantação de maconha pegar fogo, as pessoas perto ficam chapadas?

Para o Oráculo, toda pergunta é séria – e ele responde, passo a passo, o que aconteceria. Mas já adiantamos: essa ideia não é das melhores.

Por Oráculo
Atualizado em 17 abr 2019, 12h34 - Publicado em 1 dez 2014, 14h58

Querido Oráculo, você que tudo sabe responda para mim uma pergunta que está atormentando meu cérebro: se colocarem fogo numa plantação de maconha, as pessoas que moram próximas a essa plantação ficarão chapadas?
Vanessa Mendes, Ponta Grossa, PR

Se uma plantação de maconha pegar fogo, as pessoas perto ficam chapadas?

Sim, em tese. Uma pessoa pode sentir os efeitos da substância que gera o “barato”, o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), apenas inalando a substância, desde que seja em uma dose minimamente efetiva, o que vai depender de cada indivíduo e da concentração de THC na planta.

Na prática, porém, a concentração do THC na fumaça tende a diminuir conforme ela se espalha – e já estaria baixa demais quando chegasse até os vizinhos para que alguém sentisse qualquer tipo de efeito. 

“Quando uma pessoa fuma, até mesmo uma pequena quantidade de fumaça inalada pode produzir efeitos”, já que a fumaça é concentrada e vai diretamente para o pulmão, para daí se espalhar pelo organismo, explica Lucas Maia, do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo. “Enquanto que na forma de inalação por exposição, mesmo em ambiente fechado, a quantidade de fumaça necessária para produzir efeitos significativos deverá ser muito maior”.

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É na flor da  cannabis que o THC aparece em maior concentração. Por isso, vamos imaginar que plantação esteja em fase de florescimento, momento em que haveria maior quantidade de THC. Na planta, a substância está em forma de óleo, que viraria gás ao entrar em contato com as altas temperaturas. Mas, conforme a fumaça sobe e se afasta do fogo, a tendência é que, pouco a pouco, essas moléculas de THC voltem ao estado sólido, em forma de óleo, explica Maia. “A fumaça que atingiria uma população próxima estaria desprovida de uma alta concentração de THC, de forma que dificilmente a inalação desta fumaça teria efeitos psicoativos”, explica.

Além disso, a fumaça também estaria cheia dos vapores e resíduos da celulose e da queima das folhas e dos caules. “Então, próximo do local da queima, será provavelmente muito difícil inalar esta fumaça sem tossir e obter dela a concentração suficiente para se inebriar”, explica Renato Malcher Lopes,  professor e pesquisador no Laboratório de Neurobiologia e Comportamento da Universidade de Brasília (UnB).

Considerando que a pessoa se distancie o suficiente para evitar o conteúdo irritante da fumaça, também vai se afastar dos vapores dos princípios ativos. Até daria pra sentir os efeitos dos princípios ativos, mas a pessoa teria que respirar bastante daquela solução gasosa e estar disposta a se defumar durante o processo.

“E, mesmo assim, como a dosagem seria obtida aos poucos ao longo de um período bem mais demorado que o normal, talvez o acúmulo de canabinoides no sangue não chegue a ser suficiente para causar qualquer sensação”, conclui Malcher Lopes. Resumindo: uma baita duma porcaria de ideia.

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