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70% do plástico que polui os oceanos sumiu. Onde foi parar?

Um novo estudo com recifes de corais na Tailândia mostra que esses animais são um possível sumidouro de poluição: têm microplásticos até em seus esqueletos.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 23 set 2024, 18h39 - Publicado em 23 set 2024, 18h00
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  • Um oceano com lixos e garrafas plásticas boiando na água.
     (Carmen Martínez Torrón / Getty Images/Reprodução)

    Cerca de 70% do lixo plástico despejado nos oceanos desaparece quando atinge o fundo do mar. Oceanógrafos e biólogos estão intrigados há anos com esse sumiço – e tentam entender qual é o destino final desse material, que evidentemente precisa ir para algum lugar.

    Agora, um novo estudo sobre corais realizado pelo Centro de Estudos para Plástico Oceânico – uma iniciativa internacional da Universidade de Kyushu, no Japão, com a Universidade de Chulalongkorn, na Tailândia –, joga alguma luz sobre esse mistério.

    Eles descobriram que as três partes da anatomia dos corais – o muco na superfície, os tecidos moles e o esqueleto de carbonato de cálcio – contêm microplásticos escondidos. Essas partículas, menores que cinco milímetros de comprimento, foram encontradas com uma nova técnica de detecção, usada pela primeira vez nesses animais (sim, corais são animais).

    A hipótese do estudo, publicado no periódico Science of The Total Environment, é que os corais podem ser os responsáveis por absorver parte do plástico que sumiu dos oceanos.

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    As pequenas partículas se acoplam a eles, tornando-os latas de lixo oceânicas. Eles sequestram os microplásticos assim como as árvores sequestram o CO da atmosfera (com a diferença óbvia de que as árvores têm algo para fazer com o gás, enquanto o plástico é inútil). 

    Do tamanho de um fio de cabelo

    O Sudeste Asiático, onde o estudo foi realizado, descarta cerca de dez milhões de toneladas de lixo plástico anualmente, o que dá um terço da poluição total por esse material na Terra. Parte desses poluentes vão parar no mar, se degradam e dão origem aos chamados microplásticos.

    Os cientistas examinaram o recife de corais na costa da ilha Ko Sichang, no golfo da Tailândia. Eles usaram diferentes substâncias para ir dissolvendo e filtrando o conteúdo de cada uma das partes do corpo do coral, até isolar completamente o plástico que havia ali.  

    Foram analisadas 27 amostras de quatro espécies de coral diferentes. Os pesquisadores encontraram 174 microplásticos, que tinham a largura aproximada de fios de cabelo e são praticamente imperceptíveis a olho nu. Os cientistas enxergaram eles assim, com auxílio de microscópio:

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    Uma variedade de microplásticos extraídos de corais na costa da Ilha Si Chang, no Golfo da Tailândia. Como pode ser visto pela cor, forma e tamanho, o coral consumirá uma ampla gama de microplásticos, muitos deles mais finos que um fio de cabelo humano.
    (Kyushu University/Isobe lab/Reprodução)

    38% dos pedaços de plástico estavam no muco da superfície, 25% no tecido intermediário e 37% no esqueleto de cálcio. Náilon, poliacetileno e o material das garrafas PET foram os plásticos encontrados com mais frequência nos corais. 

    Os esqueletos dos corais continuam intactos depois da morte. Portanto, é possível que os microplásticos armazenados neles continuem preservados no oceano por séculos.

    Os pesquisadores ressaltam que são necessários mais estudos na área para entender o impacto dessa poluição na saúde dos corais. Também é preciso continuar a pesquisa globalmente, para confirmar se isso é um fenômeno local ou uma tendência em todo o planeta.

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