Paola Gentile
Você serve um copo de cerveja e, por qualquer motivo, acaba se esquecendo dele. Rapidamente a espuma vai se desmanchar, deixando apenas aquela água amarelada e choca. Pois foi exatamente esse exemplo que o professor Arnd Leike, especialista em partículas, deu a seus alunos do curso de Física da Universidade Ludwig Maximilians, em Munique, Alemanha. Tudo para estimulá-los a apurar o olhar e enxergar os detalhes. A pergunta era: qual a equação matemática que explica a velocidade com que o colarinho desaparece do copo?
O próprio Leike acreditava que a resposta seria a chamada “lei da potência”, que prevê uma relação entre tempo e quantidade que chega a zero. Tome um congestionamento. Depois de atingir o auge, ele vai se reduzindo, até acabar. Na natureza, esse fenômeno pode ser observado com os incêndios. Depois de um momento de pico (e mesmo que não haja intervenção humana), eles começam a perder força, até se extinguir. Algo semelhante deveria ocorrer com a cerveja…
Pois a turma resolveu observar as reações fisioquímicas nos mínimos detalhes – e descobriu, com um cronômetro na mão e um cilindro de medição cheio de cerveja, que a espuma não se desmancha. A explicação é que ela segue outro padrão, conhecido como “queda exponencial”. É assim: num determinado intervalo de tempo, o volume de espuma cai pela metade. No próximo intervalo de tempo, vai ocorrer o mesmo. Se você transformar essas informações num gráfico, a curva vai tender ao zero, mas nunca chegará a ele, pois sempre será possível encontrar metade da metade da metade… O padrão de queda exponencial serve para entender a chamada decadência das partículas radioativas. Graças a ele (e com o uso de um contador Geiger), é possível fazer a datação de fósseis, pois se sabe quantos milhões de anos as partículas levam para se desfazer.
Os alunos alemães descobriram ainda que depois que o líquido sai da garrafa para o copo forma-se uma espécie de espuma seca na superfície. Essas bolhas, em forma de tetraedro, estouram facilmente, pois têm uma película muito fina e frágil. As bolhas firmes, mais estáveis, ficam submersas. São elas que fazem o gás se expandir de dentro para fora sem parar.