A fuga dos rinocerontes
Espécie ameaçada de extinção escapa dos caçadores da maneira mais radical possível - pelo céu
Fernando Badô
Os rinocerontes-negros estão entre os bichos mais visados da África, pois sua espécie é uma das preferidas pelo turismo de caça. Para tentar salvar alguns dos 4 500 espécimes que ainda restam na natureza, duas ONGs ambientais apelaram para uma solução extrema: transportar os rinocerontes de helicóptero. A ação utilizou helicópteros militares para remover 19 espécimes – com 1,4 tonelada cada um – de seu habitat original, na província de Cabo Oriental, no sudeste da África do Sul, e transferi-los para a província de Limpopo, no norte do país, a 1 500 quilômetros de distância, onde viverão longe dos caçadores. Como o trajeto tem áreas inacessíveis de carro, os rinocerontes tiveram de voar por 24 quilômetros. Sedados e de olhos vendados (para evitar sustos caso acordassem), os rinocerontes foram içados pelos tornozelos e voaram entre 10 e 20 minutos. Parece meio brutal? Os responsáveis pela operação dizem que, além de mais eficiente para levar os paquidermes a locais de difícil acesso, o procedimento é mais gentil. “O voo encurta o tempo que o rinoceronte tem de ser mantido sedado, a respiração fica menos comprometida e evita-se a viagem em caixotes, o que é irritante para o animal”, afirma o veterinário sul-africano Jacques Flamand, líder do projeto.