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A genética da ferroada

Um entomologista americano descobre por que as abelhas-africanas são tão agressivas. Seus genes favorecem o nascimento de guerreiras especializadas em defender a colméia.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h50 - Publicado em 31 mar 2000, 22h00

André Santoro

Não foi por acaso que, em 1970, elas protagonizaram o filme Abelhas Assassinas. Comparadas com suas primas européias, os enxames das abelhas-africanas têm dez vezes mais indivíduos especializados na defesa da colméia, as chamadas abelhas guardiãs. Elas protegem a rainha, encarregada de pôr os ovos, e todas as outras operárias, das construtoras de favos às babás das larvas e às coletoras de mel. São as guerreiras.

Originárias da África do Sul, as africanas chegaram ao Brasil em 1956. Embora mais produtivas, raramente são criadas em apiários, pois dão mais problemas do que lucros. Quando elas cruzam com as européias, tornam-nas também agressivas. “As mestiças ganham genes que favorecem o nascimento de guardiãs”, diz à SUPER o entomologista americano Greg Hunt, da Universidade Purdue, nos Estados Unidos. “Os enxames híbridos que apresentam maiores mudanças nos cromossomos possuem o número mais alto de guerreiras”, constata. Quando os genes da ferocidade forem identificados, talvez seja possível neutralizá-los. Hunt sonha com africanas menos enfezadas.

asantoro@abril.com.br

Algo mais

Nos Estados Unidos, as africanas estão migrando para o norte devido ao aumento persistente da temperatura do planeta nas últimas décadas. Bastam alguns décimos de grau a mais para que elas surjam e proliferem em lugares que normalmente evitariam, habituadas à quentura de sua terra natal.

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Perfil de uma enfezada

Veja o que os cientistas já sabem sobre a implacável abelha-africana

Ferroadas aos montes

O veneno, no ferrão, não é mais forte que o da européia. Mas a africana é mais perigosa porque ataca em maior número, picando as vítimas mais vezes. Em 30 segundos, inoculam oito vezes mais toxina que as abelhas comuns dos apiários.

Nervos à flor da pele

Para irritá-las, basta um barulho simples, como o de uma bicicleta perto da colméia. Elas entram em surto. Durante 24 horas atacam tudo o que se move num raio de 400 metros, perseguindo seus alvos até 1,5 quilômetro.

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Ferocidade produtiva

São dificílimas de domesticar, mas os poucos apicultores que se arriscam conseguem coletar quatro vezes mais mel do que criando espécies européias. As abelhas comem o néctar das flores e o vomitam na forma de mel.

A invasão da América

As africanas entraram na América pelo Brasil, em 1956, introduzidas pelo geneticista brasileiro Warwick Kerr, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Durante um ano, Kerr manteve 47 rainhas e suas colônias presas em um apiário em Rio Claro, no Estado de São Paulo. Mas, por um descuido, 26 colônias fugiram. Elas se espalharam pelo território brasileiro em duas décadas. Veja, no mapa ao lado, como avançaram até a Califórnia, nos Estados Unidos, aonde chegaram em 1993. De 1956 até hoje, mataram mais de 1 000 cidadãos em quinze países americanos.

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