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A ilha de lixo do Pacífico tem 16 vezes mais plástico do que se pensava

Novo levantamento aponta que são 80 mil toneladas flutuando no meio do nada – 1,8 trilhão de objetos individuais, a maioria com mais de meio centímetro

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
26 mar 2018, 18h05

A Grande Porção de Lixo (com maiúscula, mesmo) é uma ilha de plástico de 1,6 milhões de quilômetros quadrados — três vezes a área da França — que flutua em um ponto isolado do norte do Pacífico, entre o Havaí e a costa oeste dos EUA. Ela é formada por uma parcela das cerca de 2 milhões de toneladas de plástico que são despejadas nos oceanos todos os anos— 1,15 milhões na estimativa mais otimista, 2,41 milhões na pior das hipóteses. 60% desse lixo é menos denso que a água e flutua. As correntes oceânicas fazem o resto do serviço, arrastando as embalagens e afins para lá e para cá até que elas se acumulem em pontos específicos — que são, de forma simplificada, redemoinhos gigantes.

Existem ao todo cinco ilhas de lixo: mais uma no Pacífico, uma no Índico e duas no Atlântico. Todas se formam nesses pontos de entroncamento das correntes, em que o movimento da água se torna circular. Mas nenhuma delas chega aos pés da “pioneira”. Um artigo científico publicado na semana passada calculou que a Grande Porção de Lixo é formada por cerca de 79 mil toneladas de plástico — 16 vezes mais do que indicavam as estimativas anteriores. São cerca de 1,8 trilhão de objetos individuais, e 92% deles são maiores que 5 milímetros. É difícil ter uma noção real do tamanho das coisas na escala dos trilhões, então vamos traduzir: 1,8 trilhão de segundos é o mesmo que 57 mil anos. Enfileirando 1,8 trilhões de garrafas PET, dá para chegar na Lua e fazer dois terços do caminho de volta.

Para chegar a esses números literalmente astronômicos, pesquisadores de seis universidades e uma ONG usaram dois aviões e mais de trinta barcos. Além das redes de pequeno porte que costumam ser usadas para coletar amostras para análise, foram usadas redes maiores — que pegam qualquer coisa, até sofá. Foram retirados 1,2 milhão de objetos pelas embarcações, e scanners 3D instalados nas aeronaves cobriram uma área de 300 quilômetros quadrados. “Nós ficamos surpresos com a quantidade de objetos grandes que encontramos”, afirmou em comunicado a oceanógrafa Julia Reisser, chefe da expedição. “Antes, nós pensávamos que a maior parte dos dejetos consistia em pequenos fragmentos.”

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A tecnologia usada para fazer essas novas medições é bem mais avançada que a que estava disponível para ambientalistas na década de 1970, quando a ilha de lixo foi descoberta. Isso significa que não dá para comparar diretamente as estimativas anteriores com a atual para ver a progressão histórica da quantidade de plástico flutuante. Seja como for, não há motivos para acreditar que o problema esteja se resolvendo sozinho. “Não é possível tirar nenhuma conclusão firme sobre a persistência da quantidade de plástico na mancha”, explica o oceanógrafo Laurent Lebreton, também envolvido na pesquisa. “Mas como a taxa de acúmulo de plástico é maior dentro da mancha do que na água ao redor, o fluxo de chegada de plástico é maior que o de saída.”

Outras descobertas do estudo, como as características do tipo de lixo que costuma ficar retido na Grande Porção de Lixo, são valiosos para organizar os esforços de limpeza, que já estão em andamento, mas são muito, muito demorados. Um dia, quem sabe, essa ilha vai sumir do mapa.

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