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A Nasa reinventou a roda, literalmente

"Para quê?", você pergunta. Para conquistar o Planeta Vermelho, é claro

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
6 dez 2017, 18h29

Imagine ter que lidar com um pneu furado no meio de uma viagem em um lugar deserto. Agora imagine que a borracharia mais próxima fica a 225 milhões de quilômetros de distância.

Essa é a triste realidade que vive o Curiosity, o amado rover de exploração enviado pela Nasa para Marte em 2011. O Curi (vamos chamá-lo assim) é um motorista extremamente cauteloso: dirige a 0,144 km/h. Além disso, teve suas rodas e pneus preparados para lidar com o terreno arenoso e cheio de pedregulhos do Planeta Vermelho.

Mas ninguém podia imaginar o impacto que as pequenas pedrinhas do solo marciano teriam: em um ano de missão, já começaram a ser notados danos severos às rodas. Em 2013, a situação piorou. O jeito foi programar o bichinho mecânico para desviar dos terrenos mais irregulares, mas em Marte, não tem muito jeito de escapar totalmente deles.

E aí a Nasa chegou à conclusão de que só tinha uma forma de evitar tudo isso em missões futuras: reinventando a roda.

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Pobre Curi. (NASA/Reprodução)

 

A grande vantagem da nova roda não é a função – é a memória.

A agência espacial acaba de lançar sua roda espacial reinventada. Não é um desafio simples: o material precisa ser (muito) durável e resistente. Resistência geralmente implica peso. E coisas pesadas exigem mais combustível, o que facilmente resulta em um rombo no orçamento. Material pesado, portanto, simplesmente não vai para Marte. Além de tudo, a roda precisava aguentar o clima maluco do planeta.

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A solução: mudar tudo. Engenheiros parceiros da Nasa criaram um pneu quase invencível feito com uma liga de níquel e titânio que é capaz de se lembrar do seu formato original. Isso quer dizer que esse baita metal é resistente, mas não rígido: quando ele sofre um baque, como o contato com um pedregulho, o tecido se separa, gerando um furo. Logo depois, o pneu retoma a estrutura original, programada em sua memória, como se furo nenhum tivesse acontecido.

Além de ter memória de elefante e ser praticamente um Transformer, a nova roda também bate recordes em outras áreas. Ela aguenta 30 vezes mais deformação que a roda do Curiosity. Também aguenta 10 vezes mais peso. E por ter melhor aderência ao solo, permite escalar ladeiras até 23% mais inclinadas no irregular deserto marciano.

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Compare com a nova roda. Esse é o rover usado na Missão Apollo à Lua. Ele deslizava superadaptado pelo solo lunar – mas apanhava dos buracos. (NASA/Reprodução)

Tenha um pneu de Marte você também

E o que você tem a ver com tudo isso? Bom, além de revolucionar futuras missões à Marte – em 2024, elas devem ser testadas na tentativa de enviar amostras de lá para a Terra – os engenheiros que trabalharam na nova roda têm buscado parcerias com as fabricantes de pneus aqui na Terra mesmo, focados no mercado off-road e nos veículos militares, para os quais um dano à roda pode ser uma questão de vida ou morte ainda pior que para o Curiosity.

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