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A nova ferramenta da Nasa é um vidro de metal

O material não perde qualidade no frio extremo, o que pode possibilitar a exploração de lugares congelados como a lua Europa, em Júpiter.

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 30 nov 2016, 11h03 - Publicado em 30 nov 2016, 01h40

Assim como você, robôs tremem de frio. As razões são diferentes, mas acontece com todos nós: enquanto o motivo por você bater os dentes no inverno é uma reação desesperada do seu corpo para tentar produzir algum tipo de calor; no caso das máquinas o problema geralmente está nas engrenagens, o congelamento das peças faz os robozinhos darem alguns trancos, ou até mesmo pararem. Isso pode ser um problemão para a Nasa. A temperatura do ex-planeta, Plutão, por exemplo, gira em torno de -230ºC, o que quebraria qualquer robô terrestre. Mas, aparentemente, esse problema está resolvido. A agência espacial está desenvolvendo peças produzidas com um material de nome pouco intuitivo, mas muito útil. É o vidro metálico.

O vidro metálico, na verdade, é um metal mesmo, mas que parece vidro por causa da forma como é produzido. Se você olhar os átomos de um metal, verá estruturas cristalinas, organizações tridimensionais das partículas. A questão é que, se você derrete o elemento, essas estruturas se desfazem, e os átomos começam a se organizar de forma randômica. É nessa parte que vive o segredo: para formar o vidro metalizado, os produtores usam o metal derretido e o congelam muito rapidamente (diminuindo a temperatura em 1.000ºC por segundo), dessa forma, não dá tempo das estruturas voltarem a se organizar de forma cristalizada, mesmo assim, eles ficam sólidas. É um novo tipo de organização atômica.

Nesta forma, o metal funciona como o vidro: pode ser facilmente moldado quando é elevado à altas temperaturas, até mesmo em técnicas de sopro, como fazem com o vidro comum. Isso facilita a produção de peças que devem ser exatas até nos milímetros. Além disso, as peças, que já estão congeladas, não ficam quebradiças no frio extremo – o que as torna extremamente úteis na confecção dos dentes de engrenagens.

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O material não é exatamente novo. Foi criado na década de 1960, e está por toda parte: em tacos de golfe, ou dentro do seu celular. Mas seu uso ainda não era muito comum no espaço. Agora, um um grupo de pesquisadores de dentro da Nasa, está produzindo estudos para provar que o futuro da agência espacial está no vidro metálico. “ Nosso time de engenheiros está finalmente testando as questões necessárias para provar a importância do vidro metálico nas espaçonaves. Esse material pode solucionar problemas de mobilidade em ambientes complicados, como a lua Europa, em Júpiter (onde as temperaturas ficam próximas aos -220ºC)”, afirma Douglas Hoffman, tecnólogo do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em comunicado.

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O material não só possibilita a utilização de robôs em lugar antes inalcançáveis; o vidro metálico tem ainda outra vantagem: é mais barato. Além do custo em si ser inferior ao aço, o vidro, por não ficar quebradiço ou emperrar, consegue economizar combustível. O Curiosity, robozinho da Nasa que deu uma volta por Marte, por exemplo, tinha que gastar energia para esquentar seu lubrificante, toda vez que queria se mexer.

A ideia é que, com a utilização espacial, a tecnologia se popularize ainda mais e seja utilizada de outras formas aqui na Terra“ A produção em massa de vidro metálico pode ter um gigantesco impacto no mercado de robôs para consumo”, afirma Hoffman. Os drones estão próximos de ficarem melhores – e mais baratos.

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