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A resposta está no céu

Conheça a história e o projeto da astrofísica Elisabete M. de Gouveia Dal Pino, vencedora na categoria Ciências, no Prêmio CLAUDIA 2017

Por Giuliana Bergamo, editado por Abril Branded Content
Atualizado em 6 nov 2017, 12h25 - Publicado em 6 nov 2017, 11h56

O Prêmio CLAUDIA não é exatamente um evento artístico. Também não fala de sonhos sem lastro, mas de projetos realizados. Sua essência é a boa reportagem, que, ao longo dos últimos 22 anos, tem descoberto e promovido brasileiras que batalham para construir ou consertar o país. Na grande festa de premiação, porém, o jornalismo ganha tons de arte e contagia. Na noite de 2 de outubro, 1,1 mil pessoas estiveram na Sala São Paulo, na capital paulista, para conhecer o perfil e a obra de 24 finalistas e acompanhar de perto o anúncio dos nomes vencedores.

A seguir, conheça a história da astrofísica Elisabete M. de Gouveia Dal Pino, 59 anos, premiada na categoria Ciências.

O QUE ELA FAZ: Busca compreender a existência humana por meio do estudo do espaço

De onde viemos? Por que habitamos a Terra? O que há para além dela? São perguntas assim que a astrofísica Elisabete M. de Gouveia Dal Pino, pesquisadora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, se faz desde muito pequena. Aos 10 anos, ao assistir à chegada dos astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin à Lua, compreendeu que a busca por tais respostas seria sua missão de vida. E traçou seu caminho para isso. Formou-se em física, fez mestrado e doutorado (sempre na USP). Até que, em 1990, alçou voos mais altos. Já casada e com uma filha de 3 anos, mudou-se para os Estados Unidos, onde fez dois pós-doutorados – nas universidades Harvard e da Califórnia. Hoje integra o Comitê de Astrofísica de Alta Energia da União Internacional de Física Pura e Aplicada e é líder brasileira de um projeto internacional para a construção do maior observatório astronômico para detecção de raios gama, a radiação eletromagnética de mais alta energia. “A expectativa é de que, com o aparato, batizado de Cherenkov Telescope Array, seja possível investigar, por exemplo, buracos negros ou matéria escura, que ainda suscitam muitas dúvidas à ciência”, diz. Elisabete foi responsável por conquistar um investimento de quase 5 milhões de dólares da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para o projeto, que deve ter sua primeira etapa pronta em 2018. Parte do montante será empregado para capacitar pesquisadores brasileiros.

Na essência, o trabalho dos astrofísicos é similar ao dos historiadores. Ao estudarem estrelas, galáxias, buracos negros, supernovas, entre outros fenômenos, estão explorando o passado em busca de respostas sobre a nossa origem. Graças a eles, sabe-se, por exemplo, que o Universo surgiu de uma grande explosão, o Big Bang. Para chegarem a conclusões assim, além de observar o espaço com telescópios, eles precisam interpretar o que é visto. E é aí que entram as pesquisas de Elisabete. Ela atua na área chamada modelagem: realização de cálculos matemáticos em computadores de alta performance para compreender o que é captado. A cientista foi responsável por inaugurar no Brasil o uso de equações de fluidos magneto-hidrodinâmicos, fórmulas para analisar o comportamento dos gases nas estrelas e galáxias. Foi pioneira ainda na determinação do mecanismo de aceleração por campos magnéticos de raios cósmicos, partículas que viajam em velocidade próxima à da luz e incidem na Terra.

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