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A superfície de Marte tem padrões topográficos parecidos com os da Terra, segundo estudo

Estruturas onduladas podem ter sido criadas por causa de água congelada no planeta vermelho, seguindo processo climático presente na Terra.

Por Eduardo Lima
6 Maio 2025, 14h00

Marte e a Terra podem ter mais em comum do que os astrônomos imaginavam, de acordo com um novo estudo que analisou padrões topográficos no solo do planeta vermelho e encontrou estruturas parecidas com aquelas encontradas na crosta terrestre.

A pesquisa foi desenvolvida por cientistas da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, e comparou padrões encontrados no solo de Marte com a topografia em forma de ondas presente em alguns dos climas mais frios da Terra.

Apesar das grandes diferenças entre os planetas – Marte tem a superfície mais seca e a atmosfera bem mais fina, com só 2% da densidade da camada gasosa protetora da Terra –, o estudo aponta para processos e forças climáticas semelhantes que podem ter formado essas estruturas ao longo de milhões de anos.

O artigo divulgando as descobertas sobre o planeta vermelho foi publicado no periódico Icarus. Por meio da análise do solo de Marte, os cientistas conseguiram encontrar novas pistas para a compreensão do passado do nosso vizinho cósmico, que pode ter tido um clima capaz de abrigar vida.

Parece evento geológico da Terra

Com imagens de satélite de alta resolução, os pesquisadores da Universidade de Rochester analisaram a área de nove crateras em Marte, e compararam elas com sítios parecidos na Terra. As formações de solo em forma de onda do planeta vermelho seguem os mesmos padrões geométricos de regiões de solifluxão na Terra.

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A solifluxão é um movimento marcado pela descida de sedimentos encharcados de água por encostas de montanhas geladas. Essa queda de material acontece por causa do degelo no verão, e o fluxo de sedimentos que desliza pela encosta acaba despedaçando o solo. É essa perda de sedimentos que possibilita a formação de estruturas onduladas, como as encontradas em Marte.

Os pesquisadores deram um exemplo visual comparando padrões de solifluxão na Noruega e o solo encontrado em Marte:

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Imagem do Ortofoto de lóbulos de soliflução na Noruega (The Norwegian Mapping Authority) com sobreposições (canto inferior direito) de instabilidades de linhas de contato de fluidos em um modelo numérico (; Kondic e Diez, 2001) e experimento físico (Huppert, 1982). B) Esboço de definição de variáveis ​​relevantes para análise de escala teórica (fonte regular) e medições feitas a partir de imagens de sensoriamento remoto (texto em negrito). C) Padrões de lobados em Marte localizados em uma cratera de 4 km de largura a 65° N 335° E (HiRISE ESP_025901_2460, patch 7), anotados para mostrar a direção do declive descendente, largura do lóbulo ou comprimento de onda λ m , comprimento do lóbulo L m , a localização da medição da altura do riser do lóbulo hm e linhas de perfil topográfico usadas para fazer medições. D) Exemplo de padrões lobados maiores localizados em uma cratera de aproximadamente 2,4 km de largura a 72° N 126° E (ESP_027768_2525, patch 8).
(Icarus (2025). DOI: 10.1016/j.icarus.2025.116580/Reprodução)

A principal diferença entre os exemplos de solifluxão terrestres e os padrões marcianos são que essas ondas de Marte são cerca de 2,6 vezes mais altas do que aquelas encontradas na Terra.

Mas isso não é inesperado: os pesquisadores explicaram no estudo que essa diferença é exatamente o que poderia se esperar levando em conta as propriedades físicas do solo marciano e a gravidade mais baixa do planeta vermelho, que representa cerca de 40% da atração gravitacional da Terra.

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Os cientistas por trás do estudo acreditam que Marte também passava por ciclos de congelamento e degelo da água, como na Terra, mas que provavelmente eram causados pela sublimação, que transformava o gelo direto em vapor.

Essas condições climáticas geladas, parecidas com aquelas que podemos encontrar na Terra, ajudam a pintar um quadro mais completo da história de Marte. Em estudos futuros, é preciso entender se essas estruturas onduladas se formaram recentemente (em termos cósmicos, o que ainda significa milhares de anos) ou há muito tempo atrás – e se elas podem ser sinais para procurar por ambientes propícios à vida em Marte e em outros planetas.

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