A Terra está inchando? Entenda teoria peculiar que surgiu no século 19
Charles Darwin foi um dos primeiros cientistas a disseminar a ideia de que os continentes se separaram porque o planeta está engordando. Vem entender.
As placas tectônicas são uma descoberta recente. Foi na década de 1960 que a teoria de que o movimento delas está por trás da deriva continental — uma ideia do geofísico alemão Alfred Wegener — começou a ser amplamente aceita pelos pesquisadores.
Antes disso, algumas pessoas já tinham percebido que as porções de terra do planeta foram unidas no passado, em um supercontinente chamado Pangeia, e se separaram por algum motivo. Mas, para explicar isso, elas tomaram outros rumos.
Uma das explicações mais populares para a deriva continental no século 19 e na primeira metade do século 20 era a teoria da expansão da Terra. A ideia era que o movimento dos continentes poderia ser explicado por um aumento no volume do planeta, com um incremento do raio do globo, o que afastaria as massas de terra firme.
Darwin começou
Um dos primeiros cientistas a compartilhar essa hipótese foi o naturalista britânico Charles Darwin. Em 1834, ele observou campos elevados numa praia alta na Patagônia. Ele interpretou o relevo da região como evidência de que uma grande área da América do Sul passou por uma sucessão de elevações, consequência da “expansão gradual de parte da massa central” da Terra.
No ano seguinte, ele incluiu a cordilheira dos Andes na hipótese, como parte da crosta que foi elevada pela “ação de uma força conectada”. Ele abandonou a ideia depois de um tempo, começando a acreditar que, enquanto as montanhas subiam, o fundo do oceano afundava.
O geólogo italiano Roberto Mantovani continuou disseminando a ideia do inchaço da Terra. Ele publicou textos sobre o assunto em 1889 e 1909. A hipótese dele era que um continente fechado cobria o planeta todo, em uma época em que ele era bem menor. A expansão térmica da matéria interna causava vulcanismo. Essas erupções quebravam a massa de terra em continentes menores, que se afastaram mais com as expansões subsequentes.
Mais recentemente, o geólogo australiano Samuel Warren Carey defendeu a teoria da expansão da Terra da década de 1950 até sua morte, em 2002. Porém, nem ele, nem ninguém explicou satisfatoriamente como a tal expansão funcionaria. Esse continua sendo o principal argumento contra a teoria da expansão da Terra: nenhum cientista conseguiu apresentar uma descrição prática aceitável desse inchaço.