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Algas produzem som – e formam orquestra no fundo do mar

Casal de cientistas oceanógrafos descreve suas descobertas sobre a "trilha sonora" marinha.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 dez 2018, 17h07 - Publicado em 6 dez 2018, 16h44

Algas são artistas sensíveis: qualquer mudança na temperatura ou acidez do mar pode ameaçar sua existência e sua “voz”. Espera aí, voz? É isso mesmo: algas cantam.. A descoberta musical veio do casal de biólogos marinhos Lauren e Simon Freeman, que trabalham para a Marinha dos EUA e explicaram à SUPER seu achado.

Por que vocês decidiram estudar logo algas?
Nós dois somos mergulhadores, crescemos no mar. Mesmo assim, jamais imaginávamos que estudaríamos algas! Começamos nossa pesquisa explorando a “paisagem sonora” dos recifes de corais – analisando todos os sons produzidos nesse ambiente e como eles se associam aos dados ecológicos que encontramos ali.

Quando vocês desconfiaram que as algas estavam produzindo som?
Nós coletamos dados acústicos (ou seja, ondas sonoras) ao longo de toda a cadeia de ilhas do Havaí. Notamos que os sons produzidos aumentavam à noite, quando os invertebrados marinhos aparecem para se alimentar. E também notamos que o perfil sonoro era profundamente diferente em áreas degradadas. Lá, a frequência sonora era mais alta. Mas só durante o dia.

Por que a mudança?
Um recife degradado não tem mais os invertebrados para se alimentar à noite. O silêncio era fácil de explicar. Agora, a mudança de som durante o dia foi uma surpresa. Um recife degradado possui uma abundância de macroalgas. Graças ao desequilíbrio ecológico, elas crescem sem competição e superpopulam a área. Se não existiam animais, então porque estávamos encontrando som durante o dia? O padrão começava a apontar para as algas e para a fotossíntese – afinal, esse é um processo que elas só fazem durante o dia.

E como as algas produzem som?
Elas produzem som quando fazem fotossíntese: as bolhas de oxigênio produzidas sobem da planta – tal qual bolhas de champagne numa taça. Cada bolha produz um som único: um ‘ping’ rápido que é produzido por uma onda sonora de frequência relativamente pura (como uma nota musical afinada). É muito diferente dos outros sons que existem no oceano, incluindo os produzidos por animais. Quanto maior a quantidade de algas, mais frequentes são esses sons, e eles se somam para formar um “choro” mais poderoso – uma sonoridade mais alta, feita de muitos algas borbulhando.

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